8 de agosto de 2004

Viagem a Itália - Veneza - dia 5

Acordamos não muito cedo porque fomos dormir tarde ontem a noite e porque é bom dormir até tarde, né não?

Quando levantei encontrei o Zorbão na pia do banheiro lavando as roupas dele. Zorbão é sempre uma visão inusitada. Ele tava lavando a roupa porque como a gente ia passar alguns dias com a mochila nas costas ele optou por trazer roupa de menos pra economizar as costas. Eu optei por trazer a quantidade correta e um pouco mais de peso.

Por falar em Zorbão eu até me lembrei de algumas coisas. Durante a viagem, alguns momentos de Zorbão não vão sair mais de minha mente. Lembro que em algum trem ele se engasgou de um jeito que eu pensei que ele ia morrer. Ele começou rindo e daqui a pouco começou a tossir e se engasgou sozinho. Mas ele ficou tossindo durante horas!!! E ria ao mesmo tempo. E se tremia todo... E teve uma hora que ele me arregalou o olho como que pedisse ajuda por não conseguir respirar! E eu não me aguentava! Rí de chorar e de doer a barriga. Figuraça!

Lembro também que depois de várias horas andando no Museu do Vaticano o Zorbão, depois de sentar num banco, filosofou: "Sentar que é gostoso!". Cruzes! Como se não bastasse, ele, na hora de levantar, resolve agachar pra alongar os músculos e filosofa mais uma vez: "Deixa eu botar um ovo!". Hehehe.

Lembro também que num restaurante em Roma ele tentava conversar em inglês com um chinês que mal falava italiano. Foi qualquer coisa de sensacional! Depois de toda essa luta ele filosofou conosco tentando dizer qual a melhor massa pra ele: "O grosso é mais gostoso!". E por aí vai. Só estando lá pra entender.

Voltando a viagem... Fomos eu e a Léa de volta ao supermercado para comprar o almoço e o café de hoje. Quando chegamos lá vimos que o supermercado estava fechado! Na verdade a gente olhou melhor e estava tudo fechado! Todas as lojas estavam fechadas! Isso porque era domingo!

Aí eu não entendo. Uma cidade turística, que vive exclusivamente do turismo, num domingo de verão, com a cidade lotada de gente e as lojas todas fechadas! É não saber ganhar dinheiro! Se tivesse indiano por lá tava tudo aberto. Indiano aqui trabalha de manhã, de noite, feriado, dia santo...

A gente não se deu por vencido e continuamos a rodar a cidade atrás de um supermercado. Acabamos passando por três deles mas nenhum estava aberto. Foi bom que a gente conheceu um monte de coisa da cidade. A Léa estava querendo comprar uma sandália porque a dela quebrou naquele episódio do trem e a gente teve que rodar ainda mais a cidade atrás de uma sandália barata. Até as sandálias do tipo havaiana estavam custando 20 euros mais ou menos. É o mesmo que pagar 60 e poucos reais por uma sandália. Ninguem merece!

Depois de muito rodar a gente consegue encontrar uma loja de sapatos com umas sandalinhas com preço bom. Preço bom que eu digo é 13 euros. No Brasil a gente acharia fácil uma dessas por 10 conto né não?

Passamos na frente de uma padaria aberta. Tinha uns strudel's de chocolate com uma cara boa retada. A gente pegou uns pro café da manhã. Nessa loja também vendia massa e a gente comprou um pacote pro almoço. Só alegria!

Depois de tanto andar pela cidade pelo menos umas fotos interessantes deu pra tirar. A segunda é do táxi de Veneza.

Depois do café a gente seguiu para a Praça de São Marcos. A gente resolveu subir no campanário pra poder ver a cidade de cima. É sempre bacana ver a cidade de cima, ter uma idéia de como é a forma dela e tudo o mais. Principalmente aqui em Veneza com todos os seus canais.

As fotos tentam mostrar como a cidade é antiga e cheia de becos. Algo como o pelourinho antigo mas com ruas super estreitas.

De lá a gente foi entrar na Basílica de São Marcos. Lembro que tinha um espanholzinho de uns 5 anos de idade na fila reclamando com a mãe: "Eu não aguento mais entrar em igreja!". Hehehe! Coitado. Eu quase digo a ele que eu estava pensando a mesma coisa! Mas no fim das contas são prédios fantásticos sempre com um estilo diferente e que demandaram um esforço incrível de quem os fizeram.

A Basílica de São Marcos, por exemplo, tem um estilo totalmente diferente de todas as outras que a gente visitou. Ela impressiona por sua fachada cheia de detalhes. Por mais que você olhe mais detalhes você encontra. É fantástico. O interior dela também é surpreendente. É todo feito de mosaicos. São muitos metros quadrados cobertos por mosaicos. É difícil imaginar aquilo. Quantos anos não deve ter demorado para que tudo aquilo ficasse pronto. O piso também era feito de mosaicos de mármore. Tudo muito cuidadoso e bonito.

A Basílica de São Marcos também guarda o corpo de São Marcos, a exemplo do que acontece na Basílica de São Pedro. O corpo do apóstolo fica sob o altar.

As mulheres tinham que cobrir os ombros pra entrar na igreja e a Léa teve que vestir um xale qualquer. Ficou uma gracinha envergonhada.

Aqui também não era permitido tirar foto do interior mas vocês estão cansados de saber que isso não é problema pra mim. Não era a primeira e, provavelmente, não será a última. Eu não consigo entender porque proibem a gente de tirar foto do interior de alguns lugares. Não consigo ver uma lógica nisso. Eu só quero levar uma recordação do lugar pra daqui há alguns anos relembrar a bela visão que tive na época. Infelizmente essa prática é mais comum do que a gente pensa.

Voltamos pro apartamento pra almoçar e descansar um pouco. O plano depois era de passear pela cidade de Vaporetto. E porque não de gôndola, vocês me perguntam. A razão é $imple$. Um passeio de gôndola custa no mínimo 100 euros (350 reais) por 30 minutos. É muito por muito pouco. E as coisas não são tão românticas quanto parecem. A gente vê um engarrafamento de gôndolas no Canal Grande e os gondoleiros ficam conversando entre sí enquanto você passeia:

- E aê fulero. Seu Bologna tá mal das pernas no campeonato italiano hein?
- Que mané Bologna. Eu torço pro Milan! Só alegria! Kaká tá comendo a bola!

E por aí vai... E você lá, 100 euros mais pobre, e curtindo o momento "romântico".

Isso me lembrou até daquela música dos Gipsy Kings em homenagem aos gondoleiros. Não sei se vocês lembram. Mas o refrão é assim:

Gondoleiro, gondoleiro
Porque mi vida yo la prefiero vivir asi.

Se não lembra aperta o play. Eu cantei muito essa música pelas ruas de Veneza.

Apesar do preço absurdo sempre tem gente andando de gôndola. Principalmente os japoneses. Povinho estranho... Teve um dia que choveu, tava todo mundo se abrigando, e os japoneses lotando as gôndolas. Você só via aquelas gôndolas com umas 6 ou 7 japoneses, todos com guarda-chuva e tirando foto até de pensamento... Povinho estranho...

E como quem não tem cão caça com gato a gente foi de Vaporetto. A passagem dura 90 minutos mas uma vez dentro do Vaporetto você pode ficar lá até amanhacer o dia. Não tem limite. Desde que você não mude de Vaporetto.

O passeio foi bacana. A gente conheceu partes mais distantes de Veneza. Na verdade teve uma hora que eu fiquei com medo de estar indo pra alto mar! A gente não sabia exatamente que linha pegar e pegou a primeira que apareceu. Daí o Vaporetto começou a tomar um rumo estranho. Ele correu o Grande Canal inteiro e chegou até uma parte que começou a chegar em mar aberto! Eu desci logo no próximo ponto pra pegar um de volta pra cidade. Hehehe! Não queria passar a noite em alguma ilha distante não.

Ficamos um tempão passeando por Veneza e deu pra tirar um monte de foto...

Aqui a Ponte di Rialto:

O "ponto" do Vaporetto com um atracado:

Aqui a Ponte dell'Accademia:

Aqui a Igreja Santa Maria della Salute:

Ficamos passeando até o por do sol:

Depois do passeio de barco a gente continuou a andar pela cidade. A Léa queria comprar alguns presentes e a gente visitou 70% das lojas de Veneza. Mulher você sabe como é né? Pois é...

Perto de Veneza está Murano. Famosa pela produção de vidro. Foi a principal produtora da Europa no século XV. As lojas de Veneza estão cheias de objetos feitos de vidro vindos de Murano. Existem coisas muito bonitas feitas por lá. Verdadeiras obras de arte em vidro.

A gente passou por um Museu da Música. Tinham vários instrumentos venezianos que parecem ter sido feitos por alguém com problemas de coordenação motora. Também tinham varias roupas de época expostas e eu aproveitei pra entrar no clima da cidade.

A noite a gente foi comer no McDonald's. Um hamburguer custava 50 centavos apenas e eu tinha que conferir. Pedi 4 pra mim mas só consegui comer 3. Fui pedir catchup só pra conferir se era pago mesmo e era! Aparentemente na Itália o catchup é pago. Que absurdo.

Fiquei tão retado que descontei no guardanapo. A gente está com problemas no banheiro de casa. Simplesmente não tem papel higiênico e nem supermercado pra comprar. Eu juntei a fome com a vontade de comer e peguei 352 guardanapos. O McDonald's pode até não me dar catchup mas papel higiênico ele deu!

Um outro problema no nosso banheiro é o seguinte. Ao que parece é uma coisa comum em albuergues italianos porque a gente teve esse problema em TODOS! O ralo do chuveiro simplesmente não funciona como devia. A vazão é muito menor do que a quantidade de água que cai do chuveiro. O que acontece? Alagamento! Até que combina com Veneza não é mesmo?

Mas o pior não é isso. O nosso banheiro tinha 3 níveis. Logo depois da porta tinha o nível da pia que era mais alto. Logo depois o vaso num nível inferior e depois o chuveiro num plano mais alto. O que acontecia? A água do chuveiro transbordava e ia toda pra área do vaso. Mas só tinha um problema: essa parte do banheiro não tinha ralo!!! A ÁGUA FICAVA EMPOSSADA!!!

Imagine comigo. Quatro pessoas tomando banho durante dois dias naquele banheiro. A água já estava batendo na canela!!! Tudo bem que a gente estava em Veneza mas ter um rio no meio do banheiro já é um pouco demais!!!

Cada vez que eu entrava no banheiro me dava medo. Aquela água parada ali... Tinha medo de ter dengue ali, né??? Ou pior... Será que não tinha uma giardia nadando por alí não? Ou aqueles caramujos que carregam o protozoário da esquistossomose? Era bem capaz porque o que tinha de água empossada alí não tá no gibi...

Mas tudo bem... Estamos no clima. É Veneza!

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