2 de fevereiro de 2011

Minha memória é uma onda

Acabei de falar com meu contador por telefone. Discuti dois assuntos com ele e liguei novamente pra tirar outras dúvidas:

- Gostaria de falar com Miguelito.
- Miguelito?

- Sim. Acabei de falar com ele. Alias... não. Na verdade é Manuelito.
- Manuelito senhor?

- Querida, na verdade eu não lembro o nome dele... - e tentando desesperadamente lembrar o nome do maldito.

(silêncio constrangedor)

Aí ela manda:
- Não seria Manoelino?
- ESSE MESMO!

--

Update:

No dia seguinte fui ao escritõrio do contador e mandei pra recepcionista cheio de razão:

- Queria falar com Miguelino...

:/

--

Update 2:

Fui olhar o email do cara pra achar o nome correto. É MARCELINO! Nem pra escrever o post aqui eu lembrei...

23 de janeiro de 2011

Minha empregada faz feng shui

Empregada é sempre complicado. Dificil encontrar uma que agrade. Umas
quebram sua louça, outras não limpam como deveriam, outras estragam
suas roupas e por aí vai.

Eu tinha uma empregada que se chamava Marizete. Ela também tinha as
suas peculiaridades. Ela não gostava, por exemplo, de falar comigo.
Prefere sempre a "Dona Léa" e faz questão de me ignorar. As vezes ela
ignora a Dona Léa também mas isso é outro assunto.

Bom. Desde que ela chegou lá em casa que eu vinha observando uns
comportamentos estranhos dela.

Uma das coisas que mais me chamava a atenção é na arrumação das coisas da casa.

Quando eu e Léa compramos algo pra casa nós sempre experimentamos onde
seria o melhor lugar para colocar determinado vaso e tal. É tudo bem
pensado... Sei o lugarzinho de cada coisa.

Quando chegamos a noite depois da 1ª faxina de Marizete saí
rearrumando tudo. O porta retrato em tal lugar, os dois objetos de
metal juntos, a saboneteira do lado esquerdo e por aí vai. Mas o
que acontece é que eu tinha que fazer isso TODA vez que a Marizete ia
lá em casa.

Só depois de muito tempo que eu entendi o que ela fazia. Era Feng
Shui!!! Ela fazia Feng Shui em minha casa e eu ainda achava ruim.

Eu pesquisei na internet e ví que ela virava o porta retrato para a
janela pra trazer bons fluidos, um vaso pra frente e outro pra trás
pra trazer equilíbrio ao lar e as bombonieres perfeitamente alinhadas
em direção a porta para diminuir o peso dos moradores. Só pode.

Ou era isso ou então ela era meio doidinha mesmo. Vai saber.

19 de dezembro de 2009

Sítio do Conde e sua culinária peculiar

Carnaval desses resolvemos ir a Sítio do Conde para visitar as redondezas e conhecer as praias do norte da Bahia.

Queríamos conhecer os rios, cachoeiras, praias mas tambem, é claro, a culinária local da terra de Dadá.

Chegamos lá quase na hora do almoço e fomos procurar uma barraca pra comer alguma especialidade da região.

Nada de muito diferente a princípio: moquecas, peixes, frutos do mar... mas algo me chamou a atenção no cardápio do restaurante: uma tal de Cordona Frita. CORDONA! Isso mesmo... Uma corda grande... e FRITA!



Perguntei ao garçon:

- O que acompanha essa Cordona Frita.

E ele:

- Farofa e salada.

Curioso com o inusitado prato, continuei:

- E como é o preparo? A Cordona já vem desfiada?

- Não. Ela vem inteira. O senhor que desfia.

- Mas ela não tem muito fiapo não? Aqueles que ficam no dente?

- Não senhor. Vem fritinha...

- Deve ser tipo comer manga de fiapo né não? Só que frita... Mas e esse preço aqui é do quê? É do metro é? Vende o metro ou como é?

- Não senhor. Vende a unidade mesmo.

- Certo... Sei.

Como quem está na chuva é porque está com fome e quer comer virei pro garçom e pedi 2 cordonas e seja o que Deus quiser...

Depois de um tempo chegaram as Cordonas Fritas... Tenho os fiapos nos dentes até hoje. Garçom mentiroso...



O custo benefício não foi dos melhores. Pedi a "continha" e ele me trouxe o total... literalmente.



Pensei em pedir uma Nota Fiscal para ver o que iria acontecer. Deixei pra lá. Paguei e fui embora... cheio de fiapo de fiapo no dente.

19 de abril de 2009

Chá de calçola

É meus amigos... Existiu um dia em que eu fui corno de mim mesmo.

10 de abril de 2009

Viagem a Morro de São Paulo - A Volta (parte 2)

E então aparece a Karen...

Estávamos eu e Léa lá no fundo do barco tentando segurar o almoço dentro do estômago quando de repente me aparecem duas meninas caindo por cima de todo mundo. Tudo bem que o catamarã estava balançando muito mas elas estavam caindo mais que o normal. Logo vi que o problema era cachaça. E pior de tudo é que eu não sei como essas meninas conseguiram ficar tanto tempo na parte da frente do barco! A parte da frente tinha uma gradezinha de meio metro de altura e elas lá na frente ao melhor estilo "I'm the king of the world".

Elas continuaram caminhando pelo barco em nossa direção. No caminho, para se equilibrar, ao invés de segurar nos bancos elas se apoiaram na careca de um tiozinho, no rabo de cavalo de uma outra mulher e no que acharam pela frente. O catamarã todo nesse instante já estava parado olhando as duas. Até a galera que estava dormindo por causa do Dramim acordou pra ver a confusão.

Chegaram então bem do nosso lado e sentaram em dois bancos que estavam livres. Eu pensei: "Ótimo! Vou assistir de camarote!". E assim aconteceu. Como a cachaça estava em níveis altíssimos logo primeira sentada uma delas sentou meio de banda e foi parar no chão. TEBUFF!

E como numa Via Crusis da cachaça, Karen cai pela primeira vez...

Foi aí que percebi que apesar das duas estarem bêbadas uma delas estava mais bêbada que urubu em fio de luz!!! A amiga "mais sóbria" levantou a outra do chão e jogou de volta por cima dos bancos. O pessoal que estava sentado nos bancos vizinhos percebeu o estado piriclitoso da menina e fez a melhor coisa... saiu de lá! A menina mais bêbada, a Karen, ficou sentada com a ajuda da amiga enquanto riam muito de tudo aquilo. Lembro que elas não paravam de rir hora nenhuma: nem na queda, nem no tombo, nem no banco, só riam... E viva a cachaça!

Sentada a Karen levantou o pé e meteu por cima do banco da frente (que tinha gente sentada, naturalmente). Sabe aquele esquema de cinema quando não tem ninguem na frente e você mete o pé na cadeira da frente? Pois bem, igualzinho, mas tinha gente no banco da frente. Esse pessoal também teve a idéia genial de sair de lá e assim o fez. A Karen já tinha expulsado umas 5 pessoas até esse momento.

Teve um momento que eu acho que ela cansou de deixar o pé pra cima do banco e num lance de contorcionista do Cirque du Soleil foi descendo o pé aos poucos pelo banco da frente e ficou numa posição quase de Yoga. Dificil de descrever. O que eu posso dizer é o seguinte. Como o espaço entre as cadeiras era muito curto o joelho dela ficava dobrado em 90º e batendo no rosto. Se é difícil de descrever imagino que seja difícil de entender, mas difícil mesmo era fazer aquela posição de Yoga da cachaça. E o pior de tudo é que pelo que eu entendi aquilo não doia não porque toda vez que o joelho batia no nariz ela se acabava de rir. E a medicina ainda perde tempo desenvolvendo morfina e afins... Tem é que dar cachaça como analgésico!

Enfim. Depois dessa demorou até mais do que eu esperava pra Karen resolver deitar nos três bancos em que ela se apossou. Se para mim, sentado e sóbrio, estava tudo rodando por causa da tempestade e do mar agitado imagine para essa menina como as coisas não estavam.

Daqui a pouco aparece a amiga. Ela ficava indo lá na frente e voltando. Quando ela chegou e viu a Karen deitada começou a mandar a Karen sentar. E nada de Karen atender. Ela estava em outra dimensão. Daí a amiga comecou a aumentar o tom de voz, aumentar, aumentar e começou a gritar. E gritava com a pobre da Karen. Chegava no ouvido da Karen deitada no banco e falava: "KAREN! LEVANTE AGORA! EU VOU EMBORA! VOU TE LARGAR AÍ!". Eu sei de muita coisa que cachaça provoca: perda de memória, dor na bunda (me disseram), mas surdez foi a primeira vez.

Depois de todos aqueles gritos dentro do ouvido eu fiquei imaginando a Karen no outro dia com aquela ressaca miserável e... surda! Porque uma coisa é certa: a cachaça vai passar mas a surdez não.

Depois disso a amiga ficou pirada e saiu procurando água pelo catamarã. Perguntava à tripulação, a um e outro. E eu pensava: "Apesar de tudo essa amiga é legal. Quer dar uma água pra pobre da Karen pra melhorar a ressaca do outro dia". Daqui a pouco eu ouço ela falando com uma funcionária do catamarã: "Serve água do mar mesmo! Água salgada!". Aí eu pensei: "Ahhhh! Então o problema da coitada deve ser pressão baixa! Apesar da fala embolada, do sorriso torto e do bafo de cachaça o problema é só pressão baixa".

E a amiga procurando o balde. Saiu perguntando ao pessoal se não tinha um balde qualquer que ela mesma ia pegar a água do mar. Bêbada do jeito que ela estava ia cair no mar junto com o balde.

Daí essa amiga some e daqui a pouco aparece com um pacote de Ruffles. Pronto! Agora eu tenho certeza que o problema é pressão baixa mesmo. E eu achando que era cachaça. A outra lá deitada no banco e a amiga dando a batatinha na boca. "Come Karen, você precisa comer um pouco..." E metia o Ruffles que se quebrava todo antes de entrar na boca da menina... Karen não abria a boca, a outra gritava, ameaçava, até que ela conseguiu empurrar uma batatinha pela boca meio aberta. Karen não contou conversa e deu uma dentada na amiga. Pra quê?! A amiga ficou puuuuta, levantou e largou a Karen sozinha.

A Karen, lógico, com a pressão baixíssima começou a se mexer no banco. Ela virava de lado, mexia a perna e eu só esperando o inevitável.

Daqui a pouco ela abaixa uma perna no chão. Onda vai e onda vem a Karen começa a escorregar e... TEBUFF!

Karen cai pela segunda vez...

Caiu e ficou! Hehehe... Do jeito que caiu ela ficou naquele chão sujo de areia e água do mar. Depois de uns minutos os comissários de bordo do catamarã resolveram chamar a amiga de volta pra tirar a menina do chão.

E lá vem a amiga bufando pra "ajudar" a Karen. Ela chegou no pé do ouvido de Karen mais uma vez (o mesmo ouvido da 1ª vez) e mandou: "ACORDA KAREN! KAREN! ACORDAAA!!! EU VOU EMBORA! VOU DEIXAR VOCÊ AÍ NO CHÃO! ACORDA KAREN!".

Depois de alguns minutos de grito a amiga percebeu que não estava dando certo e resolveu mudar a tática. Daqui a pouco eu ouço: "KAREN! VOCÊ TEM QUE SENTAR!" e Pow! Começou a esbofetear a pobre da menina no chão. Era: "KAREN!" e um tapa. Era: "LEVANTA!" e um murro. A amiga descontou a dentada e acertou uns bons tapas de troco!

Aí eu pensei na Karen do dia seguinte: Com uma ressaca desgraçada, surda do ouvido direito e um monte de marca de dedo na cara.

Depois dos tapas a Karen, já surda de um ouvido e com a cara toda inchada, levantou e se sentou. A "amiga" fala uma coisa ou outra pra Karen e volta pra frente do barco deixando a coitada no banco sozinha. Não deu outra. Passou um tempinho a Karen deita no banco, se mexe pra lá e pra cá e... TEBUFF!

Karen cai pela terceira vez...

Era de fato a Via Crusis da cachaça. Só faltava ser crucificada agora. E dessa vez ela caiu com a cara pra baixo. Pelo estalo que eu ouvi acho que por um instante o nariz dela encostou na orelha. Daí volta a amiga pra mais uma sessão de gritos. O barco todo parava pra ouvir os gritos da menina. Dessa vez ela resolveu largar a Karen lá deitada mesmo e foi embora.

Agora imagine a minha viagem: Tempestade lá fora, o catamarã balançando mais que chaveiro de manco, nego vomitando perto de você, aviões do forró nas alturas e a amiga de Karen gritando bem do seu lado. Tava gostoso...

Quando eu achei que a situação estava solucionada (pelo menos estabilizada) me aparece a comissária com um sorriso no rosto e um saco de água enorme na mão. Eu acho que a mulher estava querendo mesmo era ver a putaria comer no centro. Depois de entregar o saco com água pra "amiga" lá vem ela com aquele monte de água em direção a Karen. A gentil amiga com a água na mão começou a ameaçar: "KAREN! LEVANTE! EU VOU JOGAR! EU VOU JOGAR ESSA ÁGUA EM VOCÊ! SENTE NO BANCO!". E a coitada da Karen que além de trêbada estava surda de um ouvido nem esboçava qualquer ação. Aí a "amiga" resolve jogar um pouquinho da água na cara da Karen. E ela nada! Estava quase em coma no chão e nem tchuns! E não é que a menina jogou a água na amiga? Pegou aquele saco enorme de água e deu um banho na pobre da Karen enquanto gritava: "LEVANTA! VOCÊ VAI TER QUE COMEÇAR A SE ACOSTUMAR COM A VERGONHA! LEVANTE!".

Agora imagine o que não passou pela cabeça da Karen. Desacordada, em um barco no meio de uma tempestade, acordando com um monte de água por cima do rosto. E não é que acordou mesmo? Levantou e sentou no banco e conseguiu ficar assim o resto da viagem, meio encostada na parede do barco, é verdade, mas não se arriscou a tomar outro banho no chão do barco não. Querendo ou não a tática funcionou.

E não é que eu nem senti o tempo passar? Quando eu me dei conta o DVD do Aviões do Forró já estava repetindo pela terceira vez, a Karen continuava encostada no canto dela e o catamarã estava parando em Salvador...

Da próxima vez que for a Morro eu vou de carro. E assim o fiz...



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

17 de março de 2008

Viagem a Morro de São Paulo - A Volta (parte 1)

E começa a viagem de Catamarã. A vinda, como disse foi tranquila. O mar calmo e a ansiedade da chegada fizeram a viagem passar rapidinho. Mas a volta... Isso sem falar na Karen que ainda vai aparecer na história.

Nos primeiros metros eu já senti que o parangolé ia ser diferente... O Catamarã balançava mais que a bunda da Preta Gil correndo.

Léa ficou logo enjoada. E eu também na verdade. Não teve Dramim que desse jeito.

O Catamarã tinha em cada cadeira aqueles saquinhos de vômito pra quem quiser dar aquela gofadinha básica (argh!). Léa catou o saquinho dela e me falou que ia vomitar a qualquer momento.

Eu estava um pouco melhor que ela naquele instante mas a situação estava complicando. Não tínhamos nem 30 minutos de uma viagem de quase 3 horas e já estávamos naquela situação.

O Catamarã continuava a balançar mais que a bunda da Preta. As ondas enormes pareciam que iam engolir o barco. As vezes a água entrava na parte externa do barco e batia nas escotilhas com força. Entre uma onda e outra a gente só via água pelas janelas. Uma situação bem tranquila vocês podem perceber.

Léa continuava naquela agonia de vomita não vomita e eu resolvi ensinar a ela uma técnica ninja que aprendi ao longo dos anos. A idéia era manter os olhos em um ponto fixo à frente e não desviar o olhar pra tentar diminuir os efeitos do balanço do barco.

Só tinha um probleminha: o ponto fixo à nossa frente era uma TV onde passava o show de Aviões do Forró!

Você leu certo: passava o show de Aviões do Forró...

Uma coisa é você ouvir Aviões do Forró no São João cheio de licor de maracujá na cabeça ralando o bucho no arrastapé com a nega véia. Outra é você ter que assistir todo o show sem poder tirar o olho da tela sob pena de ficar mais enjoado ou até vomitar.

Eu me vi dentro do filme Laranja Mecânica do Kubrick. Sabe aquela cena que amarram o cara em frente a uma tela que mostrava várias cenas de violência e ele com o olho mantido aberto por uma engenhoca e umedecido com um colírio de tempos em tempos? Pois é. Era eu assistindo Aviões do Forró no Catamarã.

Mas não tinha outro jeito. Eu tinha que ficar olhando para aquela tela. No início eu estava meio resistente mas chegou um momento que começou a ficar divertido.

Pelo que entendi a "banda" tem dois vocalistas: Xandinho e Solanja. Xandinho parece com o Chong Li do Grande Dragão Branco depois da dengue e com um feixe de molas no joelho. Ele não parava nem um segundo de flexionar aquele joelho enquanto cantava naquela dancinha miserável o tempo todo. Fora isso ele insistia em mandar umas onomatopéias durante o show pra animar a galera: Turucutum Diriguidon, Piriquiti Ziriguidum, e por aí vai. O pior é que colocaram essas coisas até nas legendas! Imagine a alegria do infeliz que teve que entender e transcrever aquelas onomatopéias para as legendas. E você reclamando do seu trabalho.

Sem falar que esse Xandinho parece que tem um caso com o baterista: o Riquelme. Toda hora mandava Riquelme agitar. Riquelme pra cá. Riquelme pra lá. Percebam que virei especialista em Aviões do Forró depois dessa viagem, né?

Já Solanja é uma gordinha que na época estava grávida e que, ao invés de cantar, gritava mais que uma cacatua psicótica.

Mas enfim! Voltando à viagem...

Seguíamos naquela viagem interminável com aquele Catamarã balançando, as ondas batendo e Aviões cantando.

De tempos em tempos alguém tentava se locomover dentro do barco. Na certa pra ir pro banheiro vomitar. Mas o que eu via era o povo se batendo em tudo que é coisa que encontrava na frente. Era cotovelo batendo em cabeça, gente quase caindo em colo de gente e nego segurando no que via pela frente pra não cair no balanço do barco. Mas o mais impressionante eram os tripulantes do barco se locomovendo. Parece que eles desenvolveram uma técnica-ninja-de-locomoção-em-barco-que-balança-pra-cacete! Impressionante mesmo. Só vendo pra crer. Todo mundo caindo e se batendo e eles andando rápido de um lado pro outro sem tocar em nada. Inclina prum lado, equilibra de outro e vai embora como se nada estivesse mexendo.

Tinha um tiozinho que trabalhava no Catamarã que toda hora vinha com um saquinho de vômito com conteúdo. Se é que vocês estão me entendendo...

Como eu estava no fim do barco toda hora o tiozinho vinha com um saquinho daqueles cheio e passava por mim. As vezes o conteúdo era marronzinho (feijoada?), outras era meio verdinho (maniçoba?) e algumas vezes tinha um tom meio avermelhado (moqueca?). Não sei se essa era a única função do coitado naquele barco mas se for é uma profissão PIOR que a do legendador de Aviões do Forró. E você reclamando do seu trabalho.

Mas como o tiozinho já tinha aprendido a técnica-ninja-de-locomoção-em-barco-que-balança-pra-cacete eu não ficava com (tanto) medo dele passando toda hora com um saco de vômito de cor diferente por mim. Isso até a hora que veio uma mulher, magrinha, com uma cara de sofrimento, bem abatida, caminhando em minha direção.

À medida que ela vinha eu fui entendo melhor o que estava acontecendo. Na mão esquerda ela tinha um saquinho daqueles... bem cheio. Acho que tinha uns 500 ml de ex-comida. Se é que vocês me entendem... Acho que pra facilitar a identificação do conteúdo o saquinho era meio transparente. Tinha feijão e arroz grudados na parede interna. E lá vinha a mulher andando com aquela cara de quase-morta. Como ela não possuia a técnica-ninja-de-locomoção-em-barco-que-balança-pra-cacete com a mão direita ela tentava se segurar no que aparecesse. Tentava pegar nas cadeiras, bagageiro, cabelo de quem estivesse perto. Com a mão esquerda ela ia trazendo o saquinho cheio. Por onde ela ia passando as pessoas iam se afastando com medo do iminente banho de ex-comida. Algo, convenhamos, não muito agradável.

Nessa hora Léa resolveu me perguntar alguma coisa mas eu não estava escutando absolutamente NADA! Eu só conseguia ver aquela mulher caminhando em minha direção com aquele saco de cheiro azedo. Quando ela chegou bem pertinho de mim ela esticou o braço pra entregar o saco pro tiozinho. No momento da troca das mãos até o mar parou na expectativa do que ia acontecer mas felizmente nada demais aconteceu.

Depois que a tal mulher deixou o saquinho com o tiozinho ela resolveu passar a mão no canto da boca e tirar aquele feijãozinho que estava ali grudado e que só ela não percebia.

Depois de passado o episódio entram no barco, vindo da parte externa, uma menina completamente bêbada caindo por cima de todo mundo. Essa é a Karen...



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

7 de março de 2008

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 4

Último dia no paraiso... Alegria de pobre dura pouco mesmo, fazer o quê. Fui então aproveitar o dia e esticar ao máximo a viagem.

Procurando um pouco de tranquilidade lá fomos nós para a 4ª praia. Léa não queria ir com medo do Guaiamum Vingador mas eu acabei convencendo ela dizendo que a gente ia para um outro lugar mais distante que aquele onde o guaiamum morava.

Ficamos de bobeira naquelas piscinas transparentes durante algumas horas só pensando na recessão da economia dos Estados Unidos, o estouro da bolha imobiliária americana e outros assuntos compatíveis com o ambiente. O mar estava mais tranquilo que mosquito em perna de tetraplégico.



Momento vidinha mais ou menos





Depois de exaustivo debate economico/financeiro com Léa resolvemos ir na tirolesa de Morro que eu, macho que sou, tinha prometido que ia descer desde o momento em que pus os pés no lugar.

Pra chegar lá é dureza. Não é uma trilha na Chapada mas é dureza. Léa reclamou desde a hora que apareceu a primeira ladeira no meio do mato até a hora que a gente chegou no topo no morro.





Passamos pelo Farol e no fim da trilha tivemos aquela visão bacana das praias de Morro de São Paulo. Até Léa parou de reclamar.



Depois de tirar umas fotos e contemplar o lugar lógico que chegou a hora da descida da Tirolesa. Na verdade nem tão lógico assim...

Achei na internet que essa é a maior tirolesa do Brasil com mais de 300 metros de comprimento e 57 metros de altura. Algo como um prédio de 14 andares.

Foi aí que eu constatei uma coisa muito interessante da natureza humana. Descobri que a sua vontade de ir numa tirolesa é inversamente proporcional ao quadrado da altura que você está em relação ao solo. Como a tirolesa de Morro é alta pra cacete quando eu cheguei lá em cima a vontade de descer na tirolesa era praticamente nula. Sumiu! Escafedeu-se!

Dá até pra deduzir a fórmula:

Vt = 1/A², onde Vt é a vontade de descer da tirolesa e A é a altura em relação ao chão.

Batizei de o Teorema da Tirolesa mas pode ser aplicado também em outros divertimentos radicais como rapel, pára-quedismo, escalada e afins.

Enfim. Descemos o morro (andando, lógico) e fomos arrumar as trouxas que logo depois do almoço a gente vai pegar o Catamarã de volta.

Voltamos a almoçar no restaurante do francês que tinha um monte de guloseimas interessantes. Comemos um crepe salgado, outro doce e mais 2 docinhos que eles fabricam. Léa que já não gosta...



Antes de pegar o Catamarã a gente deu uma passada no Forte do Morro. O sol estava se pondo e o visual era fantástico.



Depois disso entramos no Catamarã, demos um até logo a Morro de São Paulo e nem desconfiávamos que logo logo iria começar a Via Crucis da Karen. (Que Karen?)





Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

16 de fevereiro de 2008

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 3

Acordamos cedo por causa do passeio. Cedo quando eu digo é umas 8h. É cedo pra quem está de prega em Morro de São Paulo. A primeira coisa que eu fiz foi abrir a janela pra ver se os 130 reais investidos no passeio iam ter o retorno esperado ou não. Abri a janela e... estava um sol daqueles! Só alegria!

Fomos tomar café. Dessa vez eu vi logo que não tinha cebola com tomate pros gringos. Não entendi exatamente o porquê.

Continuei comendo um bolinho, uns pasteizinhos (!?) e lá pelas tantas fui pedir um ovo mexido pra "minha tia":

- Minha tia. A senhora faz um ovo mexido pra mim?
- Ôh menino... Por que você deixou pra pedir só agora que os gringos chegaram?
- Por quê?
- Ah meu filho. Se deixar esses meninos comem ovo com tomate e cebola todo dia. Não tem como não.
- Ah tá.
- Mas me dá um pão escondido que eu frito um ovo pra você.

Lógico que eu dei um pão pra ela colocar o ovo. Depois eu fiquei pensando: como é que eu vou comer esse pão com ovo sem esses 20 israelenses verem? Os gringos vão ver e vai ter uma rebelião aqui nessa pousada. Vai ser a revolta do ovo com tomate e cebola!

Recebi o pão com ovo meio que escondido e comecei a comer. Toda hora caia pedaço de ovo mexido no prato quando escapulia do pão. Os gringos olhavam o ovo no meu prato e iam pedir pra mulher com aquele português de Israel:

- Pur favou. Duis óvos.

E a mulher respondia gritando como se os gringos fossem surdos:

- HOJE NÃO! SÓ AMANHÃ!

Os gringos olhavam pra meu pão, olhavam pra ela e deixavam pra lá...

Eu comi logo aquele pão pra evitar mais estresse e fui embora que o menino da lancha já tinha ido lá na pousada me chamar que passeio já estava pra sair.

Chegamos no lugar combinado que era a uns 100 metros da pousada que eu estava. Esperamos mais alguns minutos e lá fomos para a lancha para começar o passeio.

O barco era um daqueles Flexboat meio lancha meio bote. Se ele virar lá no fundo pelo menos não afunda.



No inicio Léa estava meio tensa. Pegar mar aberto com aquelas ondas não era exatamente o que ela estava esperando.

Mas o medo logo desapareceu na primeira parada quando a gente chegou nas piscinas naturais de Guarapuá.

De cima do barco a gente conseguia ver uma quantidade inacreditavel de peixes naquela água transparente.

A gente seguia andando pelas águas e tinha que pedir licença aos peixes que se batiam na gente.



Na verdade os peixes são mal acostumados. O pessoal que ia pra lá levava pão pros peixes que já estavam viciados naquele esquema. Se deixar de ir turista pra lá é capaz dos peixes morrerem de fome porque não sabem mais buscar comida.

Teve uma menina que levou uns 10 pães pra dar pros peixes. Até Léa pegou uma ponga e deu pão pros peixinhos.






De lá paramos na praia de Itacimirim/Cueira já na ilha de Boipeba.

A praia é de cair o queixo. Não dá pra explicar a beleza do lugar. Nem com foto. Já ví muita praia bonita mas aqueles coqueiros sumindo no horizonte e nem um pé de gente pra contar história foi fantástico.



Nessa praia tem um pescador que montou uma "barraca" embaixo de uma amendoeira. Eu sentei ali naquela sombra com aquele vento bacana vindo do mar e pedimos uma porção de lagosta com 5 lagostas a 25 reais! Eu e meu amor, naquela praia linda, comendo lagosta e gastando 25 reais! Se viesse um Suriname daquele mar (como diz minha tia Vânia) e me matasse eu morria sorrindo!



Momento vidinha mais ou menos







Depois de alongar esse momento ao máximo nós precisávamos ir para a Boca da Barra em Boipeba. Ou iríamos de lancha ou seguiríamos por uma trilha. O cara da lancha fez uma pressão pra gente pagar um guia pra não ter problema de se perder no meio do mato e pra ele ir descrevendo os lugares, a fauna, a flora... E eu paguei.

O pessoal estava saindo com os seus guias e eu ví um menino sentado e perguntei se ele levaria a gente. Ele disse que sim com a cabeça. Nem abriu a boca o miserável. Só na hora que eu perguntei quanto era que ele disse que eram 2 reais por pessoa. Como eu não queria me perder no meio daquele mato eu resolvi acertar com o guri.



Pegamos a trilha e seguimos em frente. O "guia" seguia na frente... calado. A trilha seguia sempre reta e o "guia" seguia à frente... mudo. E lá fomos pela trilha. O caminho era bonito. Valeu o passeio mas a trilha era uma reta só desde a saída! Não tinha errada. Não tinha como "se perder no meio do mato".

E nessa fomos andando. O infeliz do guia começou o passeio mudo e chegou no fim calado. Fauna e flora é o cacete! Não aprendi o nome de nenhum matinho daquele, de nenhum passarinho que cantava! Nada!!! Foram os 4 reais mais perdidos da viagem. O miserável do "guia" só abriu a boca quando eu disse a ele que só ia pagar 1 real pra ele porque eu não tinha trocado.

- Aí não dá não.

Pra isso o infeliz abriu a boca. Troquei o dinheiro e paguei os 4 reais do menino.

A Boca da Barra é muito bacana também. Água quente e calma, umas 2 barracas e muita tranquilidade.

Ficamos alí naquele paraíso sem fazer nada naquela paz e tranquilidade.



Momento vidinha mais ou menos





Ficamos por alí até a saída do barco. Seguimos pelo Rio do Inferno. Deus é mais... E foi.

Chegamos em Cairú. Uma cidade histórica das redondezas. Na chegada a gente é abordado por uns 300 guias querendo mostrar o lugar.

Depois do guiazinho de Boipeba eu não queria mais saber de guia. A galera do barco foi subindo meio que junto a cidade e um guia logo se meteu no meio e descreveu a cidade que era aquela rua e nada mais...

Quando a gente chega no fim da rua tem um mosteiro e o guia pede um trocado pro pessoal. Eu virei pra ele e mandei cobrar do guia mudo de Boipeba.

Fomos entrando no mosteiro. Logo na entrada tinha um padre pegando um dinheiro do pessoal. Eu achei que o pessoal estava comprando uma camisa de lembrança.

Estávamos vendo uma igreja caindo aos pedaços quando veio um rapaz do mosteiro avisar que eram 2 reais por pessoa e quem tivesse "esquecido" de pagar era pra voltar na recepção.

Eu mandei o cidadão cobrar do guia mudo de Boipeba e fui embora.

Descendo a ladeira eu parei num bar pra beber uma água e perguntei ao dono se tinha banheiro. Ele me perguntou de volta:

- É pra homem?

Eu disse que sim que era pra mim. Aí ele apontou pro fundo do bar.

Depois daquela pergunta eu sabia que coisa boa não ia ser aquele "banheiro".



Quando eu cheguei no local e vi isso usei a velha tática de uso de banheiro químico no Carnaval de Salvador: dei uma puxada no ar do lado de fora e segurei a respiração até o fim rezando pra que a mijada terminasse logo.

Depois dessa pegamos 50 minutos de barco até chegar em Morro já anoitecendo.





Aqui nessa foto dá pra ter idéia de todo o passeio que a gente fez:



Apesar de cansados deixamos nossas coisas e fomos comer. Paramos numa pizzaria rodízio sem botar muita fé mas a surpresa foi ótima. Tudo muito gostoso. Tinha uma de calabresa com gorgonzola que era excelente.

Comi 25 pedaços e o garçom magrelo disse que eu era fraco. Ele falou que já comeu 30. Disse que teve um cara que apareceu lá que comeu 42 pedaços de pizza. Eu perguntei se o cara saiu de lá andando e o tamanho do infeliz. Ele disse que o cara saiu tranquilo e que magro ainda por cima.

Depois dessa voltamos pra pousada com as panturrilhas doloridas pra descansar um pouco que amanhã é dia de despedida.



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

30 de agosto de 2007

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 2

Acordamos nem muito cedo nem muito tarde... Estamos a passeio. Deixa o acordar cedo pra segunda-feira.

Descemos para tomar o aguardado café da manhã da nossa pousadinha. Esquema de pobre você já sabe o que é né? Detona no café da manhã pra almoçar lá pelas 5 horas da tarde e nem precisar jantar!!! Uma das várias técnicas ninja de sobrevivência em viagens. Mas vejam que eu já evoluí de um ano pra cá: não estou mais me hospedando em albergue e compartilhando o quarto com outras 12 pessoas!

Chegamos no lugar onde era servido o café e não encontramos nada de muito especial: pães, sucos, biscoitos, bolos e... tomate e cebola!!! Como assim tomate e cebola?! Nunca comi tomate e cebola pela manhã. Na Inglaterra eu até arrisquei um feijão cozido com bacon de manhã mas nunca tomate e cebola.

Pensei em comer umas rodelas de tomate com bolo de aipim ou uma cebola com pão e manteiga pra ver qual era a boa mas acabei desistindo da ideia.



Lá pelas tantas começa a chegar umas 2 dúzias de israelenses pra tomar café. Comecei a prestar atenção no tomate e na cebola. Dito e certo! Os gringos pegaram um pão francês, abriram e tacaram tomate e cebola pra dentro. Deram uma salgadinha e por cima jogaram um ovo mexido. Uma delícia...

Eu continuei a minha técnica ninja de sobrevivência em viagens e depois do 12º pão com presunto e do 4º copo de suco achei que seria o bastante pra seguir para a praia sem preocupação com comida. Praticamente um camelo mas no lugar de água, pão!

E lá fomos nós a caminho da 4ª praia. Ô vidinha mais ou menos... A 4ª praia é a mais distante e tranquila das 4 praias do início de Morro de São Paulo. Ah sim! Aqui vai uma recomendação. Na verdade uma não-recomendação. Nunca coma 12 pães e saia pra andar 30 minutos na areia da praia debaixo do sol. Dá uma embolação estomacal sem precedentes. Sem falar na dor de facão...

A caminho da 4ª praia vi mais um serviço de táxi típico de Morro de São Paulo. Eu estava um pouco distante mas reconheci Besteira, Bobagem e Brincadeira. Eram os jegues que estavam levando o pessoal nas charretes.



Chegamos na 4ª praia e encontramos aqueles tantos quilômetros de praia praticamente só pra gente.



A praia tem um monte de amendoeiras que dão uma sombra maravilhosa e, para desespero dos nativos, de graça!

Escolhemos a melhor sombra e lá fomos nós deixar as coisas na areia pra cair no mar. Léa observou que na areia havia um monte de buracos de uns 3 cm de diâmetro... Ela me perguntou o que era e eu disse que devia ser de alguma "cobra-da-areia" que morava ali naqueles buracos. Apesar de saber que era brincadeira ela ficou meio assustada com essa história e começou a fechar um monte daqueles buracos com o pé. Eu falei:

- Essas cobras vão se retar com você! - Quem avisa amigo é!

Mas tudo bem... Seguimos para o mar e ficamos ali de molho por um bom tempo. Muita paz e tranquilidade...



Momento "Vidinha Mais ou Menos"





Voltamos pra areia e Léa resolveu ligar pra mãe dela em São Paulo pra fazer inveja Smile e matar a saudade. Eu fiquei sentado na areia ao lado dela ouvindo o papo e olhando para aquele paraíso na minha frente. Estava tudo muito calmo, tranquilo... Eu e ela estávamos relaxados e distraídos... O mar ali na frente, ondinha vindo, ondinha indo... De repente eu vejo com canto de olho alguma coisa esquisita entre eu e Léa na areia. Fui percebendo que a coisa estranha ANDAVA entre eu e ela. Quando olhei para aquela coisa que ainda não sabia o que era ví que ele era azul e tinha uma monte de patas! Era um guaiamum!!! PIOR! Era o guaiamun vingador! (música de suspense ao fundo) Eu sabia que isso podia acontecer. O guaiamum vingador, possuidor de técnicas ninja mortais, treinado pelo temido Mestre Pai Mei estava ali buscando, óbvio, vingaça.

Fiquei assustado! Pulei pra um lado e Léa, ainda distraída, continuava tranquila ao telefone sem perceber o perigo iminente. Depois que ela percebeu que eu corri para um lado ela viu na areia aquele bicho azul cheio de patas olhando pra ela. Léa sabia que ele estava ali pra se vingar dela depois que ela destruiu a entrada da casa do coitado... Na iminência de um ataque ninja mortal Léa jogou o celular pra longe e saiu correndo. A mãe dela, que estava do outro lado da linha, ficou com a boca cheia de areia!
Acabou que cada um correu para um lado. Eu fui pra direita, Léa pra esquerda, o celular pra frente e o guaiamum vingador retornou, vitorioso, para sua toca. Depois dessa nunca mais Léa tapa buraco na areia...

Recuperados do susto demos boas risadas e ficamos um pouco mais por ali apreciando a vista, o clima, o mar...

Depois fomos para 2ª praia. Aquela praia mais agitada cheia de gringo, barracas e restaurantes. Chegamos na beira da praia e estendemos a canga pra sentar. Daqui a pouco eu pego a câmera pra tirar umas fotos... O que aconteceu? A máquina quebrada de novo... Não é possível... Depois de uma sessão de espancamento ela ficou boa e agora está ruim de novo? Deve ser síndrome de mulher de malandro. E lá fui eu colocar a câmera de novo no tratamento ninja da porrada... A coitada da câmera apanhou mais do que carne de segunda. Fui ver se estava funcionando e nada. E tome porrada. A câmera tava levando mais cacete que torcedor vascaíno perdido na torcida do Flamengo. Testei mais uma vez... NADA! Já era... Deve ter sido o último suspiro dela mesmo. Fiquei pensando: As fotos que deu pra tirar deu. Agora já era!

Como a esperança é a última que morre eu dei mais umas cacetadas na câmera. A coitada apanhou mais que bode na horta. Mais que timbáu na mão de timbaleiro. Mais que teclado na mão daquele guri alemão estressado que queria jogar Unreal Tournament!

Depois da surra eu fui testar a maquina mais uma vez e... não é que a danada FUNCIONOU?! Sabia que era falta de porrada! Essa técnica ninja é infalível! Sempre que Léa se nega a pegar um copo d'água pra mim quando eu estou no sofá eu uso essa técnica e sempre funciona. Continuei tirando fotos. Tirei mais uma meia dúzia e a máquina parou novamente. Fiquei pensando se ia ter que passar a viagem toda dando porrada na máquina igual eu faço com a Léa mas acabou que eu percebi que a máquina só dava problema quando o zoom estava no máximo! Ahhhhhhhhhh... Agora tudo faz mais sentido! Sempre que usei o zoom no máximo a máquina deu problema. Com o zoom no mínimo ela sempre funcionou.

Depois disso eu fiquei até com pena da pobre da máquina, coitada. Apanhou tanto sem necessidade. Ao contrário de Léa que sempre apanha por algum motivo. As vezes eu posso até não saber o motivo pelo qual estou batendo nela mas ele sempre sabe o motivo da surra que está levando.

Lá pelas tantas os 12 pães começaram a diluir na barriga e a fome começou a aparecer. Fomos pra vila procurar um lugarzinho legal pra almoçar. Acabamos num restaurante chamado Tinharé. O mesmo nome da Ilha. Esse restaurante fica praticamente num buraco. Você desse uns 5 metros de altura até chegar nele. Nessa descida existe uma construção da arquitetura moderna de Morro de São Paulo digna de documentário do Discovery Channel. É a escada que eu batizei de escada equilibrista.





Fantástico projeto da arquitetura moderna. Com certeza essa construção demorou no mínimo uma década para ser feita e deve ter tido a particiação de um exército de Engenheiros competentíssimos...

Enfim... Chegamos no restaurante e pedimos uma moqueca de camarão. Bem cliché mesmo... Mas o cliché acabou sendo uma surpresa. A nossa moqueca veio acompanhada de arroz branco, pirão (até aí tudo bem), feijão de caldo e salada!(?) Como assim??? Além disso o pimentão e a cebola eram picados no molho... O molho parecia uma pasta de cebola e pimentão batido no liquidificador.



Somado a isso eu lembrei do milho cozido na praia e do queijo coalho no carrinho de picolé. Isso sem falar na total ausência de uma baiana vendendo acarajé na praia! É a primeira praia baiana que eu vejo sem uma baiana por barraca vendendo acarajé! Definitivamente esse Morro é de São Paulo e não da Bahia...

Já comido (lá ele) fui comprar um passeio que faz um tour em volta da ilha visitando vários locais interessantes. Procuramos em diversas agências mas o preço era tabelado: 65 reais por pessoa "apenas". Como todo mundo que eu pedi uma dica me recomendou esse passeio acabamos comprando... Resta saber se amanhã vai fazer sol ou se os 130 reais vão ser levados pela chuva.

Voltamos à tardinha pra pousada pra descansar um pouco... À noite voltamos para a vila e paramos num Café: O Café das Artes. Lugarzinho bem interessante que servia uns cafés bem variados. Acabamos pedindo um Mocha e um Frappé e ficamos ali olhando a vila à noite...



Momento "Vidinha Mais ou Menos"





Voltamos pra pousada já tarde pra descansar que amanhã vai ter o super passeio de lancha pela ilha... Ah sim! Lá pelas tantas eu e Léa sentimos um cheiro estranho... Não fui eu que peidei se é isso que você está pensando... Vinha do quarto do lado onde estavam reunidos alguns daqueles israelenses comedores de tomate com cebola... Dessa vez eles estavam queimando algo... Me pareceu ser orégano... Deve ser alguma receita lá de Israel...



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

21 de maio de 2007

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 1

Pois bem... Chegamos em Morro com o tempo nublado e a chuva bem fininha... Qualquer coisa perto daquele dilúvio histórico de Salvador é chuva bem fininha...

Descemos do catamarã e logo no pier você já é abordado por umas 150 pessoas querendo te indicar essa ou aquela pousada. Irrita um pouco mas nada demais. As abordagens continuam por todo lugar que você ande até você tirar a mochila das costas na pousada e perder aquele jeito de turista recém-chegado.

No pier ainda, tem também um monte de menino com carrinho-de-mão pra levar as malas e sacolas dos turistas. Como em Morro de São Paulo as ruas são de areia e existem muitas ladeiras tem muita gente que usa o serviço desses caras pra carregar as malas. São os táxis da cidades...



Saindo do pier você se depara com um portal de entrada. Bem antigo. Dá bem o clima do lugar. E logo depois tem uma ladeira miserável. Daí você começa a entender porque tem tanto menino querendo levar as malas dos turistas. E o mais importante... Por que tem tanto turista que entrega as malas pros meninos levarem.



Vencida a primeira ladeira você se depara com uma igrejinha e mais um pouco a frente um descampado maior e a uma rua cheia de restaurantes e agências de turismo. Seguindo essa rua você chega até a praia. Essa é a "vila"...





Para minha grata surpresa os restaurantes da vila eram ótimos... E não eram muito caros não. Quer dizer... se você está acostumado a tomar cerveja no Chuleta e comer PF de 5 reais no Bar do Chico vai achar as coisas caras. Se você costuma ir em alguns restaurantes mais bacanas vai achar tudo na mesma. Mas o preço é bem compatível com a qualidade na maioria das vezes.

Continuamos descendo a ruazinha de areia da vila até chegar na praia. Lá pelas tantas você se depara com esse quebra-mola de carrinho-de-mão. Perguntei na vizinhança e soube que houve um engavetamento de 5 carrinhos-de-mão com vítimas que saiu até no Jornal Nacional. Depois disso construíram o quebra-molas pra controlar a velocidade dos "motoristas".



Continuei o meu caminho até a pousada. Fui desviando de dos nativos oferecendo pousada de tudo quanto é "marca" e me enfrentando as ladeiras pra descer o Morro. Só aí você entende porque o nome desse lugar é MORRO de São Paulo. Aí você, com aquela mochila pesada nas costas, pensa: "bem que podia ser Planície de São Paulo, né não?! Essa história de Morro é muito cansativa!"









Depois dessa corrida cross country de subidas, descidas, quebra-molas, disputa com carrinhos-de-mão e desvio de nativos-oferecedores-de-pousadas-diversas você se depara com essa vista e pensa: "valeu a pena".



Essa é a segunda praia. A primeira praia fica logo a esquerda mas a segunda praia é onde tudo acontece. Seguimos por ela até chegar na nossa pousada na terceira praia.



Chegamos na terceira praia rapidinho. A terceira praia é mais calma que a segunda e é de onde saem os passeios de barco.





Achamos a pousada e fomos deixar as coisas. Quando chegamos no quarto a primeira coisa que eu fiz foi olhar a câmera de novo. Eu não me conformava que ela não estava funcionando. Peguei a câmera na mão e comecei a dar tapa nela. Pow! Pow! Pow! E cantava no melhor estilo do Pagod'art: "Se você quer tome! Quer? Quer? Tome! Tome! Tome!"

Léa me perguntou se era alguma técnica ninja de conserto mediúnico de eletrônicos. Eu disse que pior não podia ficar não é verdade!? Pois é. E pra minha surpresa, como todos já devem ter percebido pela quantidade de foto que eu já coloquei aqui, a miserável voltou a funcionar!!! Graças aos ensinamentos de Alan Kardec e o conserto de Dr Fritz vamos ter fotos do Morro de São Paulo!

Na pousada percebemos que depois de tanta chuva as roupas estavam todas molhadas dentro da mochila. Tivemos que tirar tudo e estender pelo quarto em tudo quanto é canto. Coisa de pobre... Nessa hora eu lembrei do Ronaldo que fala que mala é coisa de pobre. Ele chega na cidade e compra tudo de novo. Imagine o que ele ia dizer de uma mochila cheia de roupa molhada e um monte de roupa estendida pelo quarto.

Pois bem... Deixamos as coisas e fomos almoçar porque que as lombrigas já estavam se mordendo de tanta fome... Ficamos pelas barracas da segunda praia mesmo e almoçamos com o pé na areia, olhando o mar ali perto e descansando da viagem e da corrida cross country modalidade mochila nas costas.


Momento "Vidinha Mais ou Menos"



Depois do almoço seguimos para a beira da praia. Existe na beira da praia um monte de cadeiras daquelas de plástico tipo espreguiçadeiras, sabe? A maioria ocupadas por gringos. Eu achei ótimo. Pensei: Vou chegar, ficar numa dessas, debaixo de um super sombreiro e vou tomar uma cerveja o dia todo aqui na beira da praia. Ôh ilusão!

Fui chegando perto das cadeiras meio desconfiado e um nativo chega pra conversar. Ele sentiu o cheiro de pobre a vários metros de distância. Não posso fazer nada. Por mais que eu disfarce, a miséria do ranço de pobre fica. Não tem jeito. Até o dono das cadeiras de praia de Morro de São Paulo percebeu... E lá veio ele muito educado:

- Olá. Tudo bom. - Na verdade ele devia estar pensando assim: "Olá seu pobre. Vou dizer quanto custa pra deitar nessa cadeira e você vai embora!"
- Oi. Tudo bom?
- Está querendo utilizar nossas cadeiras? - E pensava: "Diz que sim pra eu te dizer o preço, pobretão!"
- Ah sim, claro! É das barracas não é?
- Não senhor. Cada cadeira custa 10 reais pra deitar. - E no pensamento ele dizia: "Pronto meu filho. Agora que sabe o preço vai logo saindo daqui pra não espantar os gringos que pagam em Euro."
- 10 reais? Por cadeira?
- Isso. - E pensando: "Além de pobre é surdo, o miserável!"
- DE GRAÇA!!! Deixa eu sentar ali na areia então pra ter dinheiro pra comer à noite meu velho. - E fui embora...

Fui andando um pouquinho mais e arrumei um lugarzinho na areia pra sentar... dessa vez de graça.

O céu estava encoberto. Mas pra mim eu estava no lucro total! Há poucas horas eu estava ensopado na rua com água dando na canela!!! Agora, de sunga, na beira da praia, era praticamente um milagre de Frei Galvão. É que eu viajei com uma foto do Frei Galvão no bolso pra ver se ele falava com São Pedro pra parar a chuva. Nada melhor que um santo brasileiro pra interceder a favor do sol numa praia baiana não é verdade? Dá-lhe Frei Galvão...



Lá pelas tantas fomos na água. Com a mesma vontade que eu entrei na água eu saí. Que água gelada desgraçada! Estava muito gelada mesmo... E as gringas branquelas se divertindo na água. A água devia estar mais quente que na Noruega por exemplo. Deduzi pela cor da pele e a animação delas naquela água gelada.

Voltamos pra areia... Ficamos ali "de prega" naquele lugar "feio" apreciando a "feiura" do lugar.



Momento "Vidinha Mais ou Menos"



Enquanto a gente via o tempo passar quem passa pela nossa frente? Um carrinho que vendia queijo coalho assado. Queijo coalho é comum em Salvador. Com melaço e orégano é excelente. Mas num carrinho desse tamanho eu nunca vi não. Deve vender muito queijo por essas bandas de cá.



Continuava tudo tranquilo... mas de repente me aparece um carrinho que vendia milho cozido (?). Milho cozido na praia??? Só aqui em Morro de São Paulo pois eu não tinha visto isso em lugar nenhum da Bahia.

E não é que Léa teve a vingança tão aguardada? Há alguns anos eu brinquei com ela dizendo que só em São Paulo vendia milho cozido na praia. Que isso não existia em lugar nenhum. Clique aqui para relembrar a história antiga. E hoje veio a prova que praia é mesmo lugar de milho cozido. Será? Eu ainda prefiro a minha acarajé com camarão e vatapá. Vai entender... Eu até perguntei ao menino se ele vendia isso há muito tempo ali. Ele disse que tinha uns 7 anos que vendia milho cozido na praia. Pelo jeito esse costume é mais velho do que eu pensava.





Como a praia não estava quente o suficiente e a gente estava cansado da viagem voltamos pra pousada pra tirar um cochilo. Acordamos mais tarde e fomos passear na vila à noite. O lugar é ótimo! Tudo bonitinho, muitas opções de restaurante, muita coisa interessante pra ver e um monte de gringo passando pra tudo quanto é canto: italianos, espanhois, israelenses, ... Se duvidar tem mais gringo que brasileiro. Inclusive os donos dos restaurantes, por exemplo.











Tem até essa estátua desse rapaz tentando achar o bingolinho nessa loja de "arte"...



A gente deu uma paradinha num restaurante de um francês que chama Oh la la! Bem simpático o lugar. Cheio de guloseimas francesas de padaria. Daquelas que envolvem farinha de trigo, açúcar e aumento de peso pra quem come. Também atacamos um waffle com chocolate e sorvete. Delícia!



De lá voltamos pras praias. Muita gente nas praias a noite também. Ficamos ali pela segunda praia e fomos beber alguma coisa numa barraca.

A noite eles armam um monte de barraquinhas de rosca. Um monte! E tem fruta de todo gênero, número e grau!!! Tinha fruta que eu nunca tinha visto... Acabou que eu tomei um drink chamado Jamaica. Era uma roska com meia dúzia de frutas misturadas. A mistura não deu muito certo não mas enfim...



Depois dessa já era tarde e fomos dormir porque amanhã o sol promete!



Viagem a Morro de São Paulo

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