5 de agosto de 2004

Viagem a Itália - Roma - dia 2

Acorda meu povo que hoje é diade se redimir dos pecados. É dia de ir na casa do Papa. É dia de ir a cidade do Vaticano.

Acordamos e fomos tomar café. Café de albuergue é uma maravilha. Em Londres foi torrada, manteiga, geléia e café. Em Roma foi pão, manteiga, geléia e suco. Só alegria. O único problema é a variedade que sempre me deixa na dúvida.

Com o tempo e viajando a gente percebe que quem gosta de moleza é brasileiro. Deixa eu explicar melhor isso. O pão francês é duro como pedra. O italiano é ainda pior. É duro e OCO! Tem o formato de um bolinho e é todo oco por dentro mas com a casca tão dura quanto o francês. Isso até inspirou Zorbão a filosofar logo pela manhã: "A gente é foda. Pega a pizza e melhora e pega o pão e faz muito melhor!". Isso aê Zorbão.

Fomos pra Roma Termini pegar o metrô e antes compramos as passagens pra Veneza, a nossa próxima parada. Compramos o bilhete antes pra garantir lugar no trem. Mal sabíamos nós o que estava pra acontecer.

De lá chegamos no Vaticano. Fomos direto pra Basílica de São Pedro.

A Basílica de São Pedro foi uma das coisas mais emocionantes e surpreendentes que eu já ví em minha vida. Sem dúvida um momento inesquecível.

A gente chega na Praça de São Pedro, que é enorme, e pensa naquilo lotado de milhares de pessoas quando o Papa faz alguma declaração e acha meio impossível. Depois a gente olha pra Basílica e pensa: COMO É GIGANTESCA! De todas as vezes que eu usei o termo gigantesco aqui no blog nenhum se aplica melhor que esse último que falei da Basílica de São Pedro. Ela é inacreditavelmente grande.

Essa fantástica construção do homem foi contruída originalmente sobre o túmulo de São Pedro no século II. O túmulo com os restos de São Pedro ainda estão sob o altar. Por volta do século XV ela estava desmoronando e o Papa Júlio II decidiu derrubar a antiga para construir uma nova.

Todos os maiores arquitetos de Roma, naquela época, fizeram algo na Basílica. O Domo, o maior do mundo, foi projetado por Michelangelo. Só depois de visitar Roma e ver inúmeros lugares projetados pelo multimídia Michelangelo é que me dei conta de que além de pintor e escultor ele era também arquiteto, escritor e até cientista.

Não dá pra passar a vocês a idéia de quão grande é a Basílica de São Pedro com palavras apenas. Mas tentem perceber o tamanho das pessoas que estão perto dela. Aqueles pequenos pontos perto das portas. Dá pra se ter um idéia da grandiosidade dela. Tentem perceber o tamanho das portas ou das estátuas. Tentem perceber a altura do domo. É incrível.

Se você ainda assim não consegue perceber a grandiosidade da Basílica eu dou outro exemplo. Era possível subir no Domo. Nessa foto, na direção da linha vermelha, vocês podem ver pouco mais de 200 de pessoas em cima do Domo. Agora volte pras fotos que eu tirei logo acime e tentem entender o tamanho dessa igreja fantástica.

Uma das coisas que comentei com a Léa foi: "Ainda bem que a gente está vendo a Basílica de São Pedro agora. Porque depois daqui a gente não vai querer ver igreja nenhuma mais...". E eu já ví a Basílica de São Paulo aqui em Londres, uma dezena de outras góticas aqui na Inglaterra, a de Notre Dame e a Sacre-Cour em Paris mas nada chega nem perto da Basílica de São Pedro.

Ela é tão fenomenal que a Catedral de Notre Dame caberia facilmente dentro dela. A Estátua da Liberdade por exemplo, caberia dentro dela. Não UMA Estátua da Liberdade mas TRÊS dela!!! E imaginar que ela foi erguida quando o Brasil era uma terra de índios ainda. Já seria um desafio contruí-la hoje mas imagine há 500 anos atrás? É algo inimaginável.

Pegamos uma pequena fila pra entrar e fomos caminhando em direção a entrada. A cada passo a Basílica se tornava maior. A cada passo todos os mínimos detalhes iam saltando a nossa vista. Apesar de incrivelmente grande ela era também incrivelmente detalhada.

A cada passo a entrada ficava mais perto. Quando finalmente entramos nela a visão foi algo que eu não vou esquecer nunca. Era algo que eu não conseguia imaginar de fora dela. Toda aquela grandiosidade e beleza. O impacto foi grande. O deslumbramento meu foi tão grande que algumas lágrimas embaçaram a vista. Foi uma sensação fantástica. Durante todo o passeio pela Basílica de São Pedro o meu corpo se arrepiava continuamente. Nem com mil palavras eu vou conseguir passar o que sentí quando estive lá.

A Basílica é um verdadeiro museu. Além de toda sua beleza ela guarda algumas obras de arte. Entre elas a La Pietà de Michelangelo que ele fez quando tinha 25 anos.

Sob o Domo e sobre o antigo túmulo de São Pedro está o Baldaquino onde apenas o Papa celebra missas. O Baldaquino em sí é uma grande obra de arte. Com uma quantidade impressionante de detalhes.

Aqui uma foto do domo. Uma verdadeira obra de arte. Gigante e lindo.

A gente tem acesso aos porões da ingreja onde está, sob o Baldaquino, o túmulo de São Pedro. E imaginar que os restos do apóstolo e primeiro Papa estavam ali a poucos metros.

Existia uma capela dentro da Basílica para orações. Eu e a Léa fomos até lá pra agradecer a oportunidade de estar num lugar tão maravilhoso como aquele. Não deixei de fazer um lobbyzinho e pedir a Deus que não dificultasse as coisas com a imigração na volta pra casa.

Infelizmente, não importa o que eu diga ou o que eu mostre a vocês, vocês não terão a verdadeira idéia da grandiosidade e beleza da Basílica de São Pedro. De tantos lugares que tive a oportunidade de estar, essa visita foi sem dúvida uma coisa especial. Não sei se eu não tinha tanta expectativa ou se o lugar é realmente único. Por todo o tempo em que estive dentro dela o meu corpo se arrepiava constantemente de emoção de estar num lugar como aquele. Cada centímetro quadrado foi rebuscadamente trabalhado e pensado. É um lugar inesquecível.

De lá, ainda meio zonzo com aquilo tudo, a gente foi almoçar. Um italiano quase nos pega pela mão pra nos levar até uma tratoria próxima. Mas o restaurante que ele estava levando a gente não era tão barato. Acabamos ficando num restaurante em frente e comemos lasanha. Vidinha mais ou menos. Foi aí que a gente comeu o pão mais caro das nossas vidas também. Não sei como a gente caiu no golpe do pãozinho. Eu, macaco velho do Largo da Mariquita, caí no golpe do pãozinho.

A gente tava comendo a nossa lasanha e refrigerante por 5 euros. Todo mundo alegre. Daí o cara coloca uma tigela desse pão italiano duro e oco. A galera caiu matando achando que era de grátis... AONDE? Na conta veio 3 eurinhos pelos pães. Mais de 15 reais por 5 fatias de pão duro e oco. Puta que pariu. Se ainda fosse um pãozinho de leite molinho tava na boa... Mas enfim... É isso mesmo.

De lá a gente seguiu para o Museu do Vaticano. Devido a todo o poder da Igreja Católica durante anos ela conseguiu reunir importantes obras e documentos durante o tempo e fica tudo reunido nos museus do Vaticano. Fica aí também a famosa Capela Sistina pintada por Michelangelo durante anos.

O museu não é tão grande quanto o Louvre, por exemplo. Ainda bem. Mas mesmo assim a gente ficou algumas horas nele. O interessante nele é que ele foi feito de tal forma que você pode visitá-lo numa corrida só. Não é como o Louvre que você as vezes passa 10 vezes no mesmo lugar pra chegar em diferentes pontos.

Ele te dá opções de tomar caminhos mais curtos ou mais longos: "Se quiser visitar os Quartos de Rafael vire a direita ou siga". Sacou? Algo assim. Por sinal eu nem sabia que o Rafael era tão rico assim... Ele tem meio mundo de quarto dentro do Vaticano. Ou a família era grande ou ele alugava pra estudante. Das duas uma...

Mas enfim... O museu é um dos mais importantes do mundo e a variadade de obras é bem interessante. Tem muita coisa de Roma, principalmente, da Grécia, do Egito. É bem interessante. Tem umas mumiazinhas até conservadinhas por lá. Tinha uma de 3000 anos atrás mas com corpinho de 2500! Um pitelzinho!

Aqui uma panorâmicazinha de Roma. Cores bem diferentes do marrom da Inglaterra ou dos telhados azuis da França.

E a gente continuava a nossa caminhada até a Capela Sistina.

A Capela Sistina foi feita por ordem do Papa Júlio II. O Papa impôs a Michelangelo que ele pintasse o teto e a parede do altar da Capela Sistina. Primeiro ele pintou o teto da Capela. O teto conta a história da criação do mundo e da queda do homem como num gibi cheio de figuras. São vários "quadros" no teto cercados por outras pinturas que contam a história. Uma delas mostra a criação do mundo, nesse quadro inclusive a gente vê a sagrada e desnuda bunda de Deus (perdão Senhor mas a gente vê!), mostra a criação do homem com Deus dando a vida a Adão através do toque dos dedos, mostra a expulsão dele e de Eva do paraíso e mostra o dilúvio também.

Michelângelo passou 4 anos pintando somente o teto da Capela e a sua saúde ficou muito prejudicada devido às condições do trabalho. Imaginem passar 4 anos pintando o teto da Capela Sistina sobre não sei o que deitado ou sei lá como. Ele demorou um pouco até se recuperar. Depois de 21 anos ele volta a Capela pra pintar na parede do altar o juízo final. E por lá ficou por 7 anos. Vida difícil essa de pintor renascentista.

Mas ele sempre preferiu a escultura a pintura. É dele a frase que diz que as esculturas já estão prontas na pedra, basta retirar o que não presta.

Quando a gente chegou na Capela Sistina teve idéia do que é. É um grande salão retangular bem alto completamente pintado. É bonito mas é brega pra cacete! Podia ter uma paredezinha azul ou com um patchwork mas tudo bem. Mas no fim das contas a Capela é linda sim...

A primeira coisa que chama a atenção é o teto todo pintado. De repente você vê a tão famosa pintura da criação do homem com Deus esticando a mão e tudo o mais. É outro lugar daqueles que você para e pensa: "Eu tô aqui!".

Você anda até o meio da Capela, olha pra trás e vê a parede do altar toda pintada. Nela o juízo final. Outra pintura super complexa, grande e bonita.

As paredes da Capela Sistina são pintadas como se fossem cortinas. É impressionante a capacidade dos artistas de simular o volume. A gente custa a entender que aquelas paredes são pintadas e que aquelas cortinas simplesmente não existem.

Uma das coisas chatas é que a gente não pode tirar foto de dentro da Capela. Mas vocês estão cansados de saber que isso nunca foi problema pra mim. Desliga o som, desliga o LCD, desliga o review e pronto... É só sair clicando no melhor estilo 007. Mas esse foi sem dúvida o meu trabalho fotográfico secreto mais complicado. Existem vááários fiscais circulando dentro da pequena capela impedindo o pessoal de tirar foto ou filmar a Capela.

Eu fiz o que pude mas já tive trabalhos melhores, tenho q confessar. Mas, de qualquer forma, dá pra se ter uma idéia de quão bonita é a Capela Sistina.

A gente ficou sentado, descansando e apreciando, por vários minutos. A gente fica olhando pro teto sem parar. É meio fascinante. Quando você começa a observar as colunas pintadas, que emolduram as pinturas por exemplo, dá pra ter a nítida impressão que elas "saem" do teto como um holografia. A técnica usada por eles era muito boa. Lembro bem que as figuras que ficavam entre as janelas, na parede, pareciam realmente imagens numa abertura na parede. Assim como as cortinas que não eram cortinas. A gente ficou muito tempo apenas contemplando a Capela.

Mas o que a gente no faz o Google faz pra gente... Eu procurei por imagens da Capela pra mostrar pra vocês. Coloquei versões menores mas com o link para as maiores. Vale a pena vê-las em tamanho maior... Dá pra ter a nítida idéia de que as colunas e outras pinturas tentam saltar do teto e dá pra ver a fantástica pintura do juízo final.

De lá a gente resolveu voltar pro albuergue. Estávamos todos mortos de cansados. Devia ser umas 18h mas todo mundo dormiu. Mais tarde a gente acordou pra passear de novo por que a maratona continua.

A gente seguiu até a Piazza Navona. Praça simpática, rodeada de restaurantes e cafés. Pra nossa surpresa a embaixada brasileira está nessa praça e a gente pode ver a nossa bandeira tremulando em plena Piazza Navona.

Só pra variar um pouco essa praça tem três fontes. Só pra variar porque se você não tomar cuidado em Roma você tropeça e cai numa fonte dessas.

De lá a gente seguiu até o Campo di Fiori. Uma pracinha cheia de bares. Lembro que consegui ver o compacto do jogo do Brasil e Argentina que o Brasil ganhou nos penaltis depois de empatar aos 48 minutos com um gol de Adriano no último lance. Só pra sacanear um pouco eu lembro que não vi nada sobre esse jogo porque estava em Paris naquele domingo. Mas pelo menos consegui ver o resumo do jogo em Roma uma semana depois. Vidinha chata esse de não poder acompanhar os jogos do Brasil.

Mas enfim... Depois a gente sentou num bar só pra beber uma cervejinha.

Depois disso foi voltar pra casa porque amanhã é dia de praia!

Um comentário:

Thiago de França Amorim disse...

Cara, estou simplismente impressionado até agora com a sua descrição da visita a Basílica de São Pedro. Ela realmente é linda e incrível, adoraria conhecê-la. Infelizmente não consegui abrir as fotos que vc pôs no blog, e adoraria tê-las. Se possível envia pra mim, nem que seja apenas uma do domo. Um grande abraço.

thiagof.amorim@hotmail.com