30 de agosto de 2007

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 2

Acordamos nem muito cedo nem muito tarde... Estamos a passeio. Deixa o acordar cedo pra segunda-feira.

Descemos para tomar o aguardado café da manhã da nossa pousadinha. Esquema de pobre você já sabe o que é né? Detona no café da manhã pra almoçar lá pelas 5 horas da tarde e nem precisar jantar!!! Uma das várias técnicas ninja de sobrevivência em viagens. Mas vejam que eu já evoluí de um ano pra cá: não estou mais me hospedando em albergue e compartilhando o quarto com outras 12 pessoas!

Chegamos no lugar onde era servido o café e não encontramos nada de muito especial: pães, sucos, biscoitos, bolos e... tomate e cebola!!! Como assim tomate e cebola?! Nunca comi tomate e cebola pela manhã. Na Inglaterra eu até arrisquei um feijão cozido com bacon de manhã mas nunca tomate e cebola.

Pensei em comer umas rodelas de tomate com bolo de aipim ou uma cebola com pão e manteiga pra ver qual era a boa mas acabei desistindo da ideia.



Lá pelas tantas começa a chegar umas 2 dúzias de israelenses pra tomar café. Comecei a prestar atenção no tomate e na cebola. Dito e certo! Os gringos pegaram um pão francês, abriram e tacaram tomate e cebola pra dentro. Deram uma salgadinha e por cima jogaram um ovo mexido. Uma delícia...

Eu continuei a minha técnica ninja de sobrevivência em viagens e depois do 12º pão com presunto e do 4º copo de suco achei que seria o bastante pra seguir para a praia sem preocupação com comida. Praticamente um camelo mas no lugar de água, pão!

E lá fomos nós a caminho da 4ª praia. Ô vidinha mais ou menos... A 4ª praia é a mais distante e tranquila das 4 praias do início de Morro de São Paulo. Ah sim! Aqui vai uma recomendação. Na verdade uma não-recomendação. Nunca coma 12 pães e saia pra andar 30 minutos na areia da praia debaixo do sol. Dá uma embolação estomacal sem precedentes. Sem falar na dor de facão...

A caminho da 4ª praia vi mais um serviço de táxi típico de Morro de São Paulo. Eu estava um pouco distante mas reconheci Besteira, Bobagem e Brincadeira. Eram os jegues que estavam levando o pessoal nas charretes.



Chegamos na 4ª praia e encontramos aqueles tantos quilômetros de praia praticamente só pra gente.



A praia tem um monte de amendoeiras que dão uma sombra maravilhosa e, para desespero dos nativos, de graça!

Escolhemos a melhor sombra e lá fomos nós deixar as coisas na areia pra cair no mar. Léa observou que na areia havia um monte de buracos de uns 3 cm de diâmetro... Ela me perguntou o que era e eu disse que devia ser de alguma "cobra-da-areia" que morava ali naqueles buracos. Apesar de saber que era brincadeira ela ficou meio assustada com essa história e começou a fechar um monte daqueles buracos com o pé. Eu falei:

- Essas cobras vão se retar com você! - Quem avisa amigo é!

Mas tudo bem... Seguimos para o mar e ficamos ali de molho por um bom tempo. Muita paz e tranquilidade...



Momento "Vidinha Mais ou Menos"





Voltamos pra areia e Léa resolveu ligar pra mãe dela em São Paulo pra fazer inveja Smile e matar a saudade. Eu fiquei sentado na areia ao lado dela ouvindo o papo e olhando para aquele paraíso na minha frente. Estava tudo muito calmo, tranquilo... Eu e ela estávamos relaxados e distraídos... O mar ali na frente, ondinha vindo, ondinha indo... De repente eu vejo com canto de olho alguma coisa esquisita entre eu e Léa na areia. Fui percebendo que a coisa estranha ANDAVA entre eu e ela. Quando olhei para aquela coisa que ainda não sabia o que era ví que ele era azul e tinha uma monte de patas! Era um guaiamum!!! PIOR! Era o guaiamun vingador! (música de suspense ao fundo) Eu sabia que isso podia acontecer. O guaiamum vingador, possuidor de técnicas ninja mortais, treinado pelo temido Mestre Pai Mei estava ali buscando, óbvio, vingaça.

Fiquei assustado! Pulei pra um lado e Léa, ainda distraída, continuava tranquila ao telefone sem perceber o perigo iminente. Depois que ela percebeu que eu corri para um lado ela viu na areia aquele bicho azul cheio de patas olhando pra ela. Léa sabia que ele estava ali pra se vingar dela depois que ela destruiu a entrada da casa do coitado... Na iminência de um ataque ninja mortal Léa jogou o celular pra longe e saiu correndo. A mãe dela, que estava do outro lado da linha, ficou com a boca cheia de areia!
Acabou que cada um correu para um lado. Eu fui pra direita, Léa pra esquerda, o celular pra frente e o guaiamum vingador retornou, vitorioso, para sua toca. Depois dessa nunca mais Léa tapa buraco na areia...

Recuperados do susto demos boas risadas e ficamos um pouco mais por ali apreciando a vista, o clima, o mar...

Depois fomos para 2ª praia. Aquela praia mais agitada cheia de gringo, barracas e restaurantes. Chegamos na beira da praia e estendemos a canga pra sentar. Daqui a pouco eu pego a câmera pra tirar umas fotos... O que aconteceu? A máquina quebrada de novo... Não é possível... Depois de uma sessão de espancamento ela ficou boa e agora está ruim de novo? Deve ser síndrome de mulher de malandro. E lá fui eu colocar a câmera de novo no tratamento ninja da porrada... A coitada da câmera apanhou mais do que carne de segunda. Fui ver se estava funcionando e nada. E tome porrada. A câmera tava levando mais cacete que torcedor vascaíno perdido na torcida do Flamengo. Testei mais uma vez... NADA! Já era... Deve ter sido o último suspiro dela mesmo. Fiquei pensando: As fotos que deu pra tirar deu. Agora já era!

Como a esperança é a última que morre eu dei mais umas cacetadas na câmera. A coitada apanhou mais que bode na horta. Mais que timbáu na mão de timbaleiro. Mais que teclado na mão daquele guri alemão estressado que queria jogar Unreal Tournament!

Depois da surra eu fui testar a maquina mais uma vez e... não é que a danada FUNCIONOU?! Sabia que era falta de porrada! Essa técnica ninja é infalível! Sempre que Léa se nega a pegar um copo d'água pra mim quando eu estou no sofá eu uso essa técnica e sempre funciona. Continuei tirando fotos. Tirei mais uma meia dúzia e a máquina parou novamente. Fiquei pensando se ia ter que passar a viagem toda dando porrada na máquina igual eu faço com a Léa mas acabou que eu percebi que a máquina só dava problema quando o zoom estava no máximo! Ahhhhhhhhhh... Agora tudo faz mais sentido! Sempre que usei o zoom no máximo a máquina deu problema. Com o zoom no mínimo ela sempre funcionou.

Depois disso eu fiquei até com pena da pobre da máquina, coitada. Apanhou tanto sem necessidade. Ao contrário de Léa que sempre apanha por algum motivo. As vezes eu posso até não saber o motivo pelo qual estou batendo nela mas ele sempre sabe o motivo da surra que está levando.

Lá pelas tantas os 12 pães começaram a diluir na barriga e a fome começou a aparecer. Fomos pra vila procurar um lugarzinho legal pra almoçar. Acabamos num restaurante chamado Tinharé. O mesmo nome da Ilha. Esse restaurante fica praticamente num buraco. Você desse uns 5 metros de altura até chegar nele. Nessa descida existe uma construção da arquitetura moderna de Morro de São Paulo digna de documentário do Discovery Channel. É a escada que eu batizei de escada equilibrista.





Fantástico projeto da arquitetura moderna. Com certeza essa construção demorou no mínimo uma década para ser feita e deve ter tido a particiação de um exército de Engenheiros competentíssimos...

Enfim... Chegamos no restaurante e pedimos uma moqueca de camarão. Bem cliché mesmo... Mas o cliché acabou sendo uma surpresa. A nossa moqueca veio acompanhada de arroz branco, pirão (até aí tudo bem), feijão de caldo e salada!(?) Como assim??? Além disso o pimentão e a cebola eram picados no molho... O molho parecia uma pasta de cebola e pimentão batido no liquidificador.



Somado a isso eu lembrei do milho cozido na praia e do queijo coalho no carrinho de picolé. Isso sem falar na total ausência de uma baiana vendendo acarajé na praia! É a primeira praia baiana que eu vejo sem uma baiana por barraca vendendo acarajé! Definitivamente esse Morro é de São Paulo e não da Bahia...

Já comido (lá ele) fui comprar um passeio que faz um tour em volta da ilha visitando vários locais interessantes. Procuramos em diversas agências mas o preço era tabelado: 65 reais por pessoa "apenas". Como todo mundo que eu pedi uma dica me recomendou esse passeio acabamos comprando... Resta saber se amanhã vai fazer sol ou se os 130 reais vão ser levados pela chuva.

Voltamos à tardinha pra pousada pra descansar um pouco... À noite voltamos para a vila e paramos num Café: O Café das Artes. Lugarzinho bem interessante que servia uns cafés bem variados. Acabamos pedindo um Mocha e um Frappé e ficamos ali olhando a vila à noite...



Momento "Vidinha Mais ou Menos"





Voltamos pra pousada já tarde pra descansar que amanhã vai ter o super passeio de lancha pela ilha... Ah sim! Lá pelas tantas eu e Léa sentimos um cheiro estranho... Não fui eu que peidei se é isso que você está pensando... Vinha do quarto do lado onde estavam reunidos alguns daqueles israelenses comedores de tomate com cebola... Dessa vez eles estavam queimando algo... Me pareceu ser orégano... Deve ser alguma receita lá de Israel...



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)