29 de outubro de 2005

Minhas andanças de ônibus em Salvador

Andar de ônibus em Salvador é uma merda. O trajeto que eu faria em 5 minutos faço em 30 e ainda tenho que andar mais 500 metros pra chegar onde eu quero. Sem contar que tem que esperar o ônibus chegar, dar sorte do motorista parar no ponto e por aí vai.

Mas problema mesmo é ficar adivinhando em qual ponto eu tenho que ir pra pegar o ônibus que passa onde eu quero.

Na Inglaterra que era tudo muito chato! Sem graça! Você chega num ponto de ônibus e tem vários cartazes das empresas dizendo que ônibus passa, qual o trajeto que ele faz com mapinha e tudo e ainda que horas ele passa. E o infeliz do ônibus não atrasa! Qual a emoção nisso?

Aqui não. Aqui é só emoção... Você sabe de onde sai e não sabe onde chega meu amigo...

Primeiro que você chega no ponto de ônibus e não tem qualquer informação. Aí você pergunta a uma outra pessoa que está no ponto. Aí ela te diz qual o ônibus que ela ACHA que é o certo pra você. Se você estiver satisfeito com isso fica na sua esperando o tal ônibus. Se quiser perguntar a uma outra pessoa você tem 90% de chance dessa pessoa te dar uma informação completamente diferente. Na verdade, na maioria das vezes, se você perguntar a mesma coisa a 10 pessoas num ponto de ônibus você vai receber 10 informações diferentes. Maravilha...

E quando o ponto de ônibus é como o Terminal da França? Pra quem não sabe o Terminal da França tem 1Km de pontos de ônibus. E em cada abrigo daqueles passa um ônibus diferente que vai pra um lugar diferente. Você tem umas 20 opções pra escolher! E NENHUM INFELIZ PRA DAR INFORMAÇÃO!

Aí você pergunta a 10 pessoas onde passa o ônibus que passa em Ondina e as 10 pessoas mostram um ponto diferente. Aí fica você que nem uma barata tonta subindo e descendo o Terminal da França. Nego pensa até que você tá fazendo cooper em pleno Comércio.

Aí você finalmente vê um ônibus com o nome Ondina bem grande na frente. Ele, claro, não vai parar no ponto que você está porque você recebeu a informação errada. Depois de correr 200 metros você chega no ponto junto com o ônibus e o infeliz passa direto por que estava cheio. Emoção é isso! Mané Inglaterra...

Mas nem tudo é miséria... Tem sempre um caso engraçado que acontece nesses passeios onibulescos...

Esses dias eu usei toda a minha habilidade paparazzi adquirida em minhas andanças por igrejas européias que não podiam ser fotografadas. De tanto tirar foto proibida eu acabei por desenvolver um método excelente para tirar esse tipo de foto.

A primeira vítima foi uma mulher que tava sentada na minha frente com o seu filho chato. O guri tinha problema, ou, no mínimo, uma formiga saúva futucando o fueiro dele. Não parava quieto o infeliz! E a mãe, ao invés de sentar a mão na cara do guri ficava dando uma de Freud e tentava conversar com o guri... Faça-me o favor. Mas tudo bem... A minha surpresa mesmo foi quando essa mulher levantou pra descer do ônibus. O que ví foi assustador. PENSE NUMA BUNDA GIGANTE!!! Algo descomunal, surpreendente. Eu não contei conversa. Peguei o celular e mandei a foto. Pena que com a foto você não tem a real idéia de quão grande era a bunda daquela coitada. Compare a bunda dela com a cabeça da mulher do lado. Dá pra perceber que a bunda dela era maior que 4 cabeças daquela senhora juntas! A mulher praticamente andava com um puff na bunda! E vou mais longe. A mulher praticamente tinha uma Djenane grudada na bunda!!! Que visão horrível!

 

Mas o fato mais recorrente são as doidinhas. Parece que toda doida que eu encontro na rua gosta de mim. Se bem que pra gostar de mim não deve ser muito certa mesmo. Léa que o diga.

Mas então. Lá estava eu sentado no ponto de ônibus esperando calmamente o meu ônibus. Daqui a pouco vem chegando uma doidinha. Vinha ela cheia de charme olhando pra mim. Eu, que estava sentado na pontinha do banco, fingi que não vi. Ela vem chegando com sua blusinha regata listrada, toda charmosa e vai sentando quase em meu colo! Foi a bunda esquerda na minha perna e a direita no banco.

Vejam a cara da figura...

 
 

Eu resisti a tentação, pensei em Léa imediatamente, e resolvi sair debaixo da mulher e ir pra outra ponta do banco. Ligeiro!

Daqui a pouco ela vira pra mim e balbucia algo impossível de entender. Eu faço uma cara de quem não entendeu PN e ela repete no mesmo dialeto africano.

Como dessa vez ela resolveu apontar para o meu relógio eu percebi que ela queria saber as horas. Eu respondi e mantive a distância.

Ela acendeu um cigarro. Cantou umas duas músicas, no mesmo idioma, e seguiu o caminho dela, com o mesmo charme que chegou.

Quando eu finalmente peguei o ônibus vi a cidadã mais a frente sentada ao lado de um despacho de macumba com a boca toda suja de farofa... Reconheci que não ceder às investidas dela foi o mais correto...

Mas se tivesse acabado aí tava ótimo. Outro dia eu estava saindo da SEFAZ pra ir pro ponto de ônibus. Daí eu vejo outra maluca vindo em minha direção com um suco de laranja na mão.

Quando ela chega bem perto ela fala: Oi moço, boa tarde - Educada ela! E foi emendando - eu já tô com um suco o senhor podia colocar uma coxinha pra mim?

Eu disse a ela que não podia e segui pro ponto. E ela foi ficando por ali, conversando com um e com outro.

Daqui a pouco ela chega pra mulher do lanche pra queixar um pão. Sempre com a mesma educação:

- Oi minha tia, boa tarde, a senhora não podia me botar um pão desse pra mim não?

A tia do lanche resolveu então dar um pão francês dormido pra infeliz. Depois disso ela virou pra mim pra reclamar por que eu não tinha dado o pão pra ela:

- Ta vendo minha tia. Ele não quis me dar a coxinha... (E aí veio a hora que eu fiquei mais tentado!)... a senhora me deu esse pão.

Daí ela olha pra mim de com um olhar apaixonado e diz:

- Mas obrigada assim mesmo... meu pãozinho!!!

E manda um beijo estalado pra mim! Nessa hora eu quase esqueço Léa e caio pra dentro da morena mas o bom senso me fez recuar.

Eu queria registrar o momento pra mostrar a vocês a minha paquerinha mas ela era tímida e não se deixou fotografar. E não foi por falta de pedido. Eu falei varias vezes pra ela:

- Vem cá minha gatinha pra eu tirar uma foto sua. Vem minha linda!

E ela nada. Se fazendo de difícil.

De qualquer forma eu consegui tirar essa foto dela de longe. Vejam que tentação.



Do jeito que vai a coisa essas minhas andanças de ônibus vão render alguns posts aqui no blog...

4 de outubro de 2005

Viagem no ônibus Comercial

Depois de conseguir um emprego na Telematic para ser colega de Helton e Gabirú eu tinha que voltar a Salvador.

Como agora não estou mais motorizado o que tive que fazer? Pegar o busão pra Salvador... O horário do ônibus era 19:30 e minha mãe se amarrando pra me levar. Eu sabia que ia chegar atrasado. E cheguei...

Quando cheguei na rodoviária não tinha mais o Executivo das 19:30. O próximo Executivo era 20:30. Pensei comigo:

-- Vai demorar demais pra pegar o Executivo. E agora a noite o Comercial nem vai parar tanto assim na estrada! Chego mais cedo...

E comprei o Comercial de 20h... Grande erro...

Primeiro que pra entrar já foi uma fila quilométrica. Não sei pra que já que as cadeiras são marcadas. Quando o motorista abriu a porta metade da rodoviária foi pra cima do coitado. Tem gente que gosta de fila!

E eu pensei comigo: Isso é um ônibus ou um caminhão? Não vai caber tanta gente nesse ônibus não. E continuei sentado esperando a fila ir acabando...

Quando eu entrei no ônibus eu tomei um susto. Que diabo de tanta gente feia reunida! Parecia uma festa de Halloween! Era gente gorda, era gente mal vestida, era gente fedendo. Misericórdia meu Pai!

Aí eu desci do ônibus. Fui ver de novo o destino pra ver se o ônibus ia pra Salvador ou se eu peguei o ônibus pra Cabuçú por engano. Pior que eu tava certo.

Entrei novamente no ônibus e vi um cara vestido em trapos, com uma flanela na mão. Pensei: Será que o cara sai de Salvador pra ganhar dinheiro como flanelinha aqui em Feira? Salvador está exportando flanelinha??? Enfim...

Teve uma mulher que me chamou a atenção. Não era nenhuma moreninha jeitosinha como vocês devem estar pensando. Era uma negona gorda, bem gorda, toda vestida de Lycra. Era Lycra do pé a cabeça. Uma graça! A barriga tinha umas cinco dobras! Todas bem delineadas pela Lycra da roupa dela. E ela reclamava com o namorado dela:

-- Num tá aberto não! Não to conseguindo abrir. Tá com o nome vermelho!

Aí eu entendi que ela tava querendo ir pro banheiro e não conseguia abrir a porta. O ônibus nem saiu do lugar e ela já queria ir no banheiro. Naquele banheiro apertado de ônibus duvido muito que ela iria conseguir entrar. E se entrasse não saia...

O namorado dela foi um capítulo a parte. Eu não reparei muito nele de início mas ele foi reclamar com o motorista que o banheiro estava fechado. Depois de conversar com o motorista ele volta olhando pra mim, que estava sentado do lado esquerdo do ônibus ao invés de falar com a enorme namorada dele que estava sentada do lado direito do ônibus. E vinha ele da frente do ônibuis, olhando pra mim e dizendo:

-- Ele disse que está aberto.

E eu pensando: Quem tá querendo ir no banheiro é tua nega, rapaz. Ta doido... E ele:

-- Pode ir lá que tá aberto! - olhando pra mim.

Foi aí que eu percebi. O cara era ZAROLHO! Mas ele tinha um desvio tão grande que um olho apontava pra mim e o outro apontava pra "namoradinha" dele. Pra vocês verem o naipe dos tipos que estavam nesse ônibus.

Atrás de mim uma mulher passou a viagem toda reclamando da compahia de ônibus. Ela começou dizendo que reclamou com o motorista que tinha colocado um filme de "violênça" pra passar numa outra viagem que ela fez.

-- Como é que bota um filme desse de "violênça"? Bota um filme infantil. Bota logo um desenho animado! Bob Esponja!

Ninguem merece! E tome reclamação. Essa mulher devia trabalhar no PROCON. Por que de reclamação essa daí entende!

Teve uma hora que entrou no ônibus um cara com uma panelona. Daquelas de fazer feijoada. Aí eu tive a certeza: Essa porra tá indo é pra Cabuçú! Eu peguei o ônibus errado!

Mas isso era de menos... As cadeiras do ônibus eram muito curtas. O Executivo tem umas cadeironas, é confortável. A porra do Comercial falta ainda uns 10cm pra caber minha perna. Tive que ir "de bandinha" a viagem toda. Desci do ônibus todo entrevado.

Mas isso era de menos... Teve uma hora que entrou um negão todo sujo no ônibus. Eu escondi meu relógio, minha carteira e comecei a rezar. O infeliz parou do meu lado e levantou o braço pra se segurar no ônibus. PRA QUÊ! Pense numa catinga! PENSE! A minha sorte foi que ele só pegou uma carona e desceu no Parque de Exposições senão nem vivo eu ia estar pra contar essa história.

E esse Comercial miserável toda hora parava. Aquilo foi me dando uma dor de cabeça, um enjôo...

Lá pelas tantas eu olho pro zarolho, aquele que namorava a irmã preta de Nane, e lá estava ele com um puff no banco do lado. Eu cocei o olho e olhei melhor. Não era puff não. Não sei como mas a mulher conseguiu deitar no colo dele. Parecia um amontoado de banha sem cabeça do lado do cara. Depois que ela levantou foi que eu consegui entender o cenário completamente.

E eu vi foi pouca coisa! A minha cadeira foi a 17. Antes do meio do ônibus. Se eu sentasse lá no fundo era assunto até o ano que vem!

Quando chegou em Salvador, finalmente, eu tive a ultima agradável surpresa. Tinha um outro ônibus desembarcando passageiro do lado. Era da mesma empresa. Quando eu olhei o ônibus era o Executivo das 20:30. Não é possível! O ônibus que eu deixei de pegar pra economizar uns minutinhos e chegar mais cedo em Salvador. De nada adiantou.

E vocês precisavam ver a cara do povo que ia descendo o ônibus. Todo mundo descansado, todo mundo feliz... E eu todo torto por causa da cadeira pequena, enjoado e com dor de cabeça. COMERCIAL NUNCA MAIS!