1 de setembro de 2004

Jacked potato

Vai chegando a hora de voltar pra casa e a saudade aumenta cada vez mais... Normal. É a ansiedade. Mas chega de choro...

Hoje eu dei uma passada em New Forest. Cidadezinha pequena do interior da Inglaterra perto daqui de Southampton. O lugar é lindo. Bem pequeno, turístico, aconchegante. Foi bem legal.

A estrada pra lá é linda. É bem estreita e coberta de árvores. Por causa do outono a paisagem estava lindíssima. Aqueles tons pasteis que a gente nunca vê no Brasil de verão o ano todo.

Não teve como não lembrar. Em algumas partes da estrada eu lembrei de Need For Speed 4... Enfim. Mais ou menos como essa foto só que mais estreita e coberta de árvores...

Depois de visitar a cidadezinha tinha que comer alguma coisa. Opção não tinha muita não... Catei McDonald's, KFC, Pizza Hut mas nada tinha por lá!

Acabei num restaurante beeem típico inglês. Que jeito. Me vi olhando pra um cardápio onde as especialidades eram: Sopa de espinafre, saladas, batata recheada e chá de tudo quanto é tipo. Coragem e vamos lá que quem está na Inglaterra é pra se molhar. Escolhi dos males o menor. Fui na batata. (batata não é o nome de um traveco lá da roça nem uma menção ao nosso amigo Marcelo Batatinha do Amaral que eu gosto muito e como!).

Pedi essa tal jacked potato com uma galinha lá... Eu já tinha visto nego comendo essa batata desde a primeiríssima vez que pus o pé num pub pra almoçar mas nunca tive coragem. Hoje não teve jeito... Bora ver que miséria vai vir... Melhor que pedir feijão cozido que seria a minha segunda opção...

Pra melhorar as coisas eu pedi um pão de alho com queijo em caso de emergência. Se fosse insuportável comer aquela batata eu ia de pão de alho e sobreviveria... Por falar em pão de alho... O povo aqui gosta de um pão de alho, viu... Fale sério. É pizza com pão de alho, é chá com pão de alho, é peixe com pão de alho... Eu gosto, acho até bacana... Mas no Brasil eu só como isso no churrasco. Tô errado?

Então... Daqui a pouco chega a mulher trazendo as especialidades da casa. A batata era um batatão de uns 2 quilos e meio. Por cima um peito de frango e um molho verde com uma cara muito horrível mesmo. Uma gosma verde densa... Tipo um catarrão de tuberculoso em fase terminal! Mas eu não desesperei. No primeiro momento eu dei aquela engulhada mas consegui segurar minha onda.

A batata era algo assim:

Acompanhando o batatão cozido com casca e tudo veio uma salada! Que maravilha! Eu que adoro salada me dei bem! A salada tinha várias cores estranhas para uma salada. Nada do tradicional verde e vermelho do alface e tomate. Muito além disso. A salada variava cores do roxo ao laranja, do verde claro ao escuro, do marrom ao branco. Ah sim! E eu juro por Deus... Tinha aqueles matinhos que nasce em jardim... Sabe aqueles matinhos bem pequenininhos que são bem frágeis e finos, quase transparentes, alguns são como trevos e tal? Pois é... Tinha vários daqueles... Acho q na hora de arrancar o alface a moça catou uns matinhos juntos...

Mas é nenhuma! Como disse Romeu pouco antes de provar um chá que o padre fez pra ele: "O que não mata engorda".

A moça trouxe um molhinho vermelho sem graça junto e eu taquei pra cima da salada pra dar algum gosto àquele mato multicor...

Taquei-lhe sal na batata e chamei pra dentro (lá ele)... A camada de catarro verde de cima não tinha gosto de nada. A batata tinha gosto de batata e a salada tinha gosto daquele molho vermelho sem graça que eu joguei por cima. Tudo uma delícia!!!

Enquanto eu comia aquela salada colorida que até laranja tinha (?) eu só pensava em minha mãe: "Minha mãe tinha que me ver aqui comedo essa salada multicor. Ela ia ficar tão orgulhosa de mim. Eu tinha que mostrar isso pra Tia Valma também que fica pegando no meu pé". Mas eu acho que elas não vão acreditar porque quando eu for pro Brasil se tem uma coisa que eu NÃO vou comer é salada (que também não é um nome de um traveco lá da roça!). EU VOU COMER É CARNE!!! Eu quero comer bife, ensopado, rabada, churrasco, picadinho, carne moída, almôndega, filé, alcatra, picanha (lá ele)...

Mas não foi de todo ruim não. Foi ruim mas não foi péssimo. Pior serio comer aquele feijão doce cozido com salada multicor.

Depois dessa aventura gastronômica eu ainda passei numa praia perto. Fazia menos de 10 graus. Perfeito para ir pra praia.

É tudo tão diferente... Parece outro planeta.

Mas é tudo uma questão de tamanho...

O chão é de areia também. Só que cada grão tem uns 10cm de diâmetro... Só uma questão de tamanho...

Existem várias casas na beira da praia também como vocês podem ver. Mas as casas possuem 2m de frente por 3m de comprimento. Só uma questão de tamanho. Não me perguntem aonda fica a cozinha ou o banheiro... Eu não sei. Eu estou tão curioso quanto vocês. Mas o que eu sei é que tem gente que aluga essas casas e provavelmente diz pra todo mundo: "Estou indo pra praia porque eu aluguei uma casa pro fim de semana!". Como diria Angélica depois que descobriu que estava grávida do Luciano Hulk: "Ninguém merece!".


Momento cultural

Conversando com o pessoal de Portugal por aqui eu descobri a seguinte pérola. Além das tradicionais diferenças que todo mundo sabe e que o Seu Casseta adora usar como fila que eles chama de bicha, ônibus que é autocarro e por aí vái, eu descobri uma coisa.

Eu estava conversando com Patrícia, namorada de Miguel, o DJ, e ela me disse que ela tinha uma casa do cão em Portugal. Eu pensei logo que era coisa do demônio!!! Dei um salto pra trás (lá ele), fiz logo um sinal da cruz e disse bem alto: shocotô beruló, otorrum, agô, água de berseim, quidiaquiluvam, quileiu, seba de oxúm, iorubá, eparrei iansã, iorubá, atôtô baluaiaê, axé opó ofunjá, ubualama oxúm, xangô. Só pra garantir eu ainda bati três vezes na madeira.

Mas o que eu pensei que fosse algo relacionado a magia negra, coisa do diabo, do coisa ruim, do anjo caído, na verdade era somente uma casinha do cachorro. Ela estava dizendo que tinha uma casinha de cachorro (casa do cão) na casa dela em Portugal.

Ah sim! Agora eu já sei!

Nenhum comentário: