12 de junho de 2006

Eu sempre passo trote mas nunca ligo pra ninguem

Sempre que a oportunidade surge, eu estou passando um trote ou outro mas nunca perco tempo ligando pra ninguém... Eu nunca pego o telefone e disco um número aleatório pra passar um trote tipo o Bart Simpson, entende? Aí você me pergunta: Como é então que você passa trote sem ligar pra ninguém?

Aí é que está a graça! Existem milhares de pessoas no mundo loucas para caírem em algum trote. É fato...

Isso começou uns 15 anos atrás. Lembro como hoje...

- Alô. - Eu disse
- Oi. Dona Ofélia está?

E eu de súbito falei:

- Ôôôô... A senhora não soube não? Tá todo mundo no enterro dela.

Depois disso eu só ouvi um longo tuuuuuuuuuuuuuuuuuuu de telefone desligado...

Peguei pesado eu sei... Mas aquilo foi engraçado no fim das contas. Mas me arrependi depois. Acabei falando pra mim: Você é mais inteligente que isso. Invente umas histórias melhores...

E por aí foi... Cada vez que insistiam em ligar por engano pra minha casa, trabalho ou celular eu inventava uma história melhor e as conversas às vezes duravam alguns dias, acreditem.

Existem várias histórias que eu poderia pra contar. Teve a mulher que ia instalar não sei o que em alguma loja do Iguatemi e alguém não deixava ela instalar não sei porque e eu, como chefe dela, fiz ela instalar aquilo lá por cima da autoridade do cara da loja.

Teve a festa que eu organizei com não sei quantos barris de chopp da Nova Skin depois que uma mulher ligou pela 3ª vez. Eu fui um vendedor da Nova Skin nessa história.

Teve o caso da minha suposta namorada que ligou pro meu celular pra combinar uma saída à noite no Pelourinho e queria que eu armasse um suposto amigo meu com uma amiga dela.

Teve um cara em São Paulo que ligava várias vezes procurando um tal de Vinícius e a gente sempre dizia que era engano até o dia que eu bati altos papos sobre a festa do dia anterior onde eu (Vinícius) e ele estávamos. Surreal!

São muitas as histórias...

Mas o que aconteceu durante essa semana merece uma menção honrosa.

Toda hora ligava uma menina lá pra casa pra falar com uma tal de uma Bruna. E eu dizia:

- Alô.
- Eu queria falar com a Bruna.
- Você ligou errado.

E ela:

- Ah tá! Desculpa.

Cinco minutos depois:

- Alô.
- Eu queria falar com a Bruna.
- Você ligou errado DE NOVO!
- Ah tá! Desculpa.

Ela ligava sempre!!! Ou ela anotou o número errado ou a tal da Bruna deu o número errado pra ela.

Outro dia lá estava eu na santa paz de Deus e o telefone toca:

- Alô.
- Eu queria falar com a Bruna.
- De novo filha? Você ligou errado!
- Ah tá! Desculpa.

Ela não desistia. Incansável!!! Eu acho que ela ficava digitando os números com cuidado pra ver se não tinha errado algum e ficava trocando de telefone público (a coitada ligava de um telefone público), pra tentar conseguir falar com a tal Bruna.

E dez minutos depois ela de novo...

- Alô. - eu disse.
- Eu queria falar com a Bruna.

PUTA QUE PARIU! Se fosse o Bruno eu ia começar uma conversa longa com essa menina mas era a Bruna e não dava pra afinar a voz. Como Léa já conhece todos esses trotes eu aproveitei e entreguei o telefone pra ela e disse:

- Ela quer falar com Bruna. Toma!

Mas Léa, em meio a risadas, não topou. Aí eu mandei:

- Olha. É que ela tá no banheiro agora.

E ela:

- Ah tá bom. Obrigada.

E desligou. Que pena... Se ela estivesse procurando o Bruno tenho certeza que a conversa renderia.

Mas dez minutos depois o telefone toca de novo:

- Alô.
- Oi. A Bruna já saiu do banho?
- Oi. Então... É que ela tá cagando! - a menina começou a rir do outro lado - Ela tá de caganeira a coitada.
- Vixe! - ela ria - Tá bom então. Tchau.
- Tchau.

Eu já tinha me dado por satisfeito. Tava rindo com Léa e voltei para o que eu estava fazendo.

E não é que 10 minutos depois a incansável liga de novo?

- Alô. - Já com aquela voz de PUTA-QUE-PARIU-não-é-possível-que-seja-aquela-menina-de-novo!
- Oi. A Bruna já saiu?
- Iiiiiiihhh... Ela teve que ir pro hospital por causa da diarréia.
- Nossa. É grave então.
- É sim. Essa virose tá pegando todo mundo.
- Ela tá com o celular?
- Acho que tá sim. Liga pra ela.
- Tá bom. Tchau.
- Tchau.

Depois disso eu fiquei imaginando ela ligando pra tal Bruna e perguntando se a caganeira já estava melhor. Hehehe!

Um dia se passou. Eu estava na santa paz lá no meu canto e no horário de sempre vocês já imaginam quem telefonou pra mim. Nesse dia eu tava de mau-humor:

- Alô.
- Eu queria falar com a Bruna.
- Não tem nenhuma Bruna aqui não. Você ligou errado.
- Desculpa então.

Pronto. Agora ela desiste! - Pensei.

Outro dia se passou e a infeliz liga mais uma vez. Ela é mais insistente que o Enéas!!!

Dessa vez Léa atendeu e passou pra mim:

- Toma. Quer falar com a Bruna!
- Santo Deus da ignorância aguda meu pai... Não é possível!!!

Peguei o telefone e mandei:

- Alô.
- Oi. Queria falar com a Bruna.

E eu sem paciência:

- Minha querida. Esse número não é o da Bruna. Você ligou errado! E-R-R-A-D-O!
- Ah tá. Desculpa!

Não deu 5 minutos adivinha quem liga?

- Alô. - atendi.
- Oi. Eu queria falar com a Bruna.
- Ôôôô queridinha... Aqui não tem nenhuma Bruna não...

Eu já tinha jogado a toalha. Desisti de enganar a pobre coitada. Mas de repente eu resolvi sacanear. Pra ver se ela se toca e deixa de ser burra. E continuei...

- Aqui é a casa do BrunO! Com "O"! Entende?
- A Bruna não trabalha aí?

Quando eu vi que ela ia continuar a ligar todo dia como de costume eu tentei pelo menos aumentar o período entre as ligações dela:

- Então "desprovida" - eu achei que desprovida era um bom apelido pra ela - é que a Bruna só trabalha aqui de mês em mês. Ela volta mês que vem só.
- Ahhhhh!!! Então não é essa Bruna não.

GRAçAS A DEUS ELA SE DEU CONTA SENHOR - Eu pensei... E ela:

- A Bruna que eu quero falar mora no trabalho.

Aí eu disse:

- Então "desprovida"... Esse número que você está ligando não é o da SUA Bruna, entendeu?
- Mas ela me deu esse número!
- Eu sei "acéfala"... Eu sei disso. Mas ela provavelmente se enganou.
- Não!!! Mas eu liguei uma vez e ela tinha até ido pro hospital! É esse número sim!

Pronto... Eu disse que a outra estava no hospital... Fudeu... Vai ligar a vida inteira pra mim... Aí eu falei...

- Mas filha... Deve ser outra Bruna não é não? É OUTRA BRUNA!!!

E ela:

- Outra Bruna?

Aí eu falei:

- É! É que a mãe dela é Japonesa!!! O nome dela é Ôtabruna!

Hehehehehe! Léa começou a se estatalar de tanto rir e eu quase não conseguia mais continuar a conversa.

Aí a descerebrada finalmente falou:

- Ahhh! Não é a mesma não... Essa Bruna que eu tô falando a mãe morreu!
- Ah coitada! E ela tá bem?

E ela respondia:

- Não menino. Não morreu agora não. Tem tempo já.

E eu:

- Ahhh... Menos mal então. Manda meus sentimentos pra ela então quando você conseguir falar com ela ok?

Faz dois dias que ela não me liga...

Um comentário:

Tâmara Cerpa disse...

acho que ninguêm leu a sua historia inteira,mas eu li...muito legal flavio!