16 de fevereiro de 2008

Viagem a Morro de São Paulo - Dia 3

Acordamos cedo por causa do passeio. Cedo quando eu digo é umas 8h. É cedo pra quem está de prega em Morro de São Paulo. A primeira coisa que eu fiz foi abrir a janela pra ver se os 130 reais investidos no passeio iam ter o retorno esperado ou não. Abri a janela e... estava um sol daqueles! Só alegria!

Fomos tomar café. Dessa vez eu vi logo que não tinha cebola com tomate pros gringos. Não entendi exatamente o porquê.

Continuei comendo um bolinho, uns pasteizinhos (!?) e lá pelas tantas fui pedir um ovo mexido pra "minha tia":

- Minha tia. A senhora faz um ovo mexido pra mim?
- Ôh menino... Por que você deixou pra pedir só agora que os gringos chegaram?
- Por quê?
- Ah meu filho. Se deixar esses meninos comem ovo com tomate e cebola todo dia. Não tem como não.
- Ah tá.
- Mas me dá um pão escondido que eu frito um ovo pra você.

Lógico que eu dei um pão pra ela colocar o ovo. Depois eu fiquei pensando: como é que eu vou comer esse pão com ovo sem esses 20 israelenses verem? Os gringos vão ver e vai ter uma rebelião aqui nessa pousada. Vai ser a revolta do ovo com tomate e cebola!

Recebi o pão com ovo meio que escondido e comecei a comer. Toda hora caia pedaço de ovo mexido no prato quando escapulia do pão. Os gringos olhavam o ovo no meu prato e iam pedir pra mulher com aquele português de Israel:

- Pur favou. Duis óvos.

E a mulher respondia gritando como se os gringos fossem surdos:

- HOJE NÃO! SÓ AMANHÃ!

Os gringos olhavam pra meu pão, olhavam pra ela e deixavam pra lá...

Eu comi logo aquele pão pra evitar mais estresse e fui embora que o menino da lancha já tinha ido lá na pousada me chamar que passeio já estava pra sair.

Chegamos no lugar combinado que era a uns 100 metros da pousada que eu estava. Esperamos mais alguns minutos e lá fomos para a lancha para começar o passeio.

O barco era um daqueles Flexboat meio lancha meio bote. Se ele virar lá no fundo pelo menos não afunda.



No inicio Léa estava meio tensa. Pegar mar aberto com aquelas ondas não era exatamente o que ela estava esperando.

Mas o medo logo desapareceu na primeira parada quando a gente chegou nas piscinas naturais de Guarapuá.

De cima do barco a gente conseguia ver uma quantidade inacreditavel de peixes naquela água transparente.

A gente seguia andando pelas águas e tinha que pedir licença aos peixes que se batiam na gente.



Na verdade os peixes são mal acostumados. O pessoal que ia pra lá levava pão pros peixes que já estavam viciados naquele esquema. Se deixar de ir turista pra lá é capaz dos peixes morrerem de fome porque não sabem mais buscar comida.

Teve uma menina que levou uns 10 pães pra dar pros peixes. Até Léa pegou uma ponga e deu pão pros peixinhos.






De lá paramos na praia de Itacimirim/Cueira já na ilha de Boipeba.

A praia é de cair o queixo. Não dá pra explicar a beleza do lugar. Nem com foto. Já ví muita praia bonita mas aqueles coqueiros sumindo no horizonte e nem um pé de gente pra contar história foi fantástico.



Nessa praia tem um pescador que montou uma "barraca" embaixo de uma amendoeira. Eu sentei ali naquela sombra com aquele vento bacana vindo do mar e pedimos uma porção de lagosta com 5 lagostas a 25 reais! Eu e meu amor, naquela praia linda, comendo lagosta e gastando 25 reais! Se viesse um Suriname daquele mar (como diz minha tia Vânia) e me matasse eu morria sorrindo!



Momento vidinha mais ou menos







Depois de alongar esse momento ao máximo nós precisávamos ir para a Boca da Barra em Boipeba. Ou iríamos de lancha ou seguiríamos por uma trilha. O cara da lancha fez uma pressão pra gente pagar um guia pra não ter problema de se perder no meio do mato e pra ele ir descrevendo os lugares, a fauna, a flora... E eu paguei.

O pessoal estava saindo com os seus guias e eu ví um menino sentado e perguntei se ele levaria a gente. Ele disse que sim com a cabeça. Nem abriu a boca o miserável. Só na hora que eu perguntei quanto era que ele disse que eram 2 reais por pessoa. Como eu não queria me perder no meio daquele mato eu resolvi acertar com o guri.



Pegamos a trilha e seguimos em frente. O "guia" seguia na frente... calado. A trilha seguia sempre reta e o "guia" seguia à frente... mudo. E lá fomos pela trilha. O caminho era bonito. Valeu o passeio mas a trilha era uma reta só desde a saída! Não tinha errada. Não tinha como "se perder no meio do mato".

E nessa fomos andando. O infeliz do guia começou o passeio mudo e chegou no fim calado. Fauna e flora é o cacete! Não aprendi o nome de nenhum matinho daquele, de nenhum passarinho que cantava! Nada!!! Foram os 4 reais mais perdidos da viagem. O miserável do "guia" só abriu a boca quando eu disse a ele que só ia pagar 1 real pra ele porque eu não tinha trocado.

- Aí não dá não.

Pra isso o infeliz abriu a boca. Troquei o dinheiro e paguei os 4 reais do menino.

A Boca da Barra é muito bacana também. Água quente e calma, umas 2 barracas e muita tranquilidade.

Ficamos alí naquele paraíso sem fazer nada naquela paz e tranquilidade.



Momento vidinha mais ou menos





Ficamos por alí até a saída do barco. Seguimos pelo Rio do Inferno. Deus é mais... E foi.

Chegamos em Cairú. Uma cidade histórica das redondezas. Na chegada a gente é abordado por uns 300 guias querendo mostrar o lugar.

Depois do guiazinho de Boipeba eu não queria mais saber de guia. A galera do barco foi subindo meio que junto a cidade e um guia logo se meteu no meio e descreveu a cidade que era aquela rua e nada mais...

Quando a gente chega no fim da rua tem um mosteiro e o guia pede um trocado pro pessoal. Eu virei pra ele e mandei cobrar do guia mudo de Boipeba.

Fomos entrando no mosteiro. Logo na entrada tinha um padre pegando um dinheiro do pessoal. Eu achei que o pessoal estava comprando uma camisa de lembrança.

Estávamos vendo uma igreja caindo aos pedaços quando veio um rapaz do mosteiro avisar que eram 2 reais por pessoa e quem tivesse "esquecido" de pagar era pra voltar na recepção.

Eu mandei o cidadão cobrar do guia mudo de Boipeba e fui embora.

Descendo a ladeira eu parei num bar pra beber uma água e perguntei ao dono se tinha banheiro. Ele me perguntou de volta:

- É pra homem?

Eu disse que sim que era pra mim. Aí ele apontou pro fundo do bar.

Depois daquela pergunta eu sabia que coisa boa não ia ser aquele "banheiro".



Quando eu cheguei no local e vi isso usei a velha tática de uso de banheiro químico no Carnaval de Salvador: dei uma puxada no ar do lado de fora e segurei a respiração até o fim rezando pra que a mijada terminasse logo.

Depois dessa pegamos 50 minutos de barco até chegar em Morro já anoitecendo.





Aqui nessa foto dá pra ter idéia de todo o passeio que a gente fez:



Apesar de cansados deixamos nossas coisas e fomos comer. Paramos numa pizzaria rodízio sem botar muita fé mas a surpresa foi ótima. Tudo muito gostoso. Tinha uma de calabresa com gorgonzola que era excelente.

Comi 25 pedaços e o garçom magrelo disse que eu era fraco. Ele falou que já comeu 30. Disse que teve um cara que apareceu lá que comeu 42 pedaços de pizza. Eu perguntei se o cara saiu de lá andando e o tamanho do infeliz. Ele disse que o cara saiu tranquilo e que magro ainda por cima.

Depois dessa voltamos pra pousada com as panturrilhas doloridas pra descansar um pouco que amanhã é dia de despedida.



Viagem a Morro de São Paulo

A Ida, Dia 1, Dia 2, Dia 3, Dia 4, A Volta (parte 1), A Volta (parte 2)

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