10 de outubro de 2006

Show de Maria Rita

Em julho passado aconteceu um show de Maria Rita aqui em Salvador. Na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Comprei o ingresso com 4 semanas de antecedência. O show foi emocionante!
 
No dia do show eu estava em Feira de Santana. O show começaria às 18:30 se não me engano. Eu e Léa saímos de Feira às 16:30 para assistirmos o show. Estava tudo tranquilo pela estrada. Os passarinhos cantavam, as vaquinhas das fazendas que passavam mugiam e a viagem era tranquila. Era...
 
Faltavam uns 20 minutos pra chegar em Salvador quando começou a aventura. Começamos a ouvir um barulho estranho no carro. Algo parecido com um pino solto. Alguns segundos depois começamos a ouvir um barulho que parecia água fervendo. Nesse momento passa um carro e liga o pisca alerta dando o sinal pra gente. É nego veio... Alguma coisa aconteceu com o Uno...
 
Enquanto eu diminuia pra parar no acostamento, ao colocar o pé na embreagem, o carro morreu. Bom sinal... Paramos no acostamento. Nessa hora o vapor de água fervendo apareceu por debaixo do capô. Puta merda!
 
Estávamos no meio do nada. Perto do viaduto que vai pra Candeas se não me engano. Devia ser algo em torno de 17:15 ou pouco mais que isso...
 
Abri o capô e ví que o carro estava sem água. O infeliz do Uno não acendeu nem uma luzinha pra avisar que o carro estava esquentando. Miserável! Como não tinha aquele ponteiro marcando a temperatura não tinha como eu saber que o carro estava esquentando.
 
Voltei pra Léa e falei: Sabe aquele show de Maria Rita? Pois é... Esquece!
 
Por menor que fosse o problema não iria dar tempo. Continuei por sobre o capô aberto tentando identificar o vazamento que tinha derramado toda a água do radiador do carro. Lembro que eu mesmo tinha arriado a água do radiador pra colocar um aditivo. Pensei de cara que eu não tinha apertado aquela porra daquele mangote direito. Mas não... Ele estava lá firme. Continuei investigando e de repente eu me dou conta que o mangote de cima que recebe a água do radiador estava completamente solto! A abraçadeira estava mais folgada que o forevis do Deputado Clodovil.
 
Agora como aquela abraçadeira tinha se soltado eu não entendia. Muito tempo depois do acontecido fiquei sabendo que foi o mecânico do posto que eu pedi pra ajeitar num sei o quê que estava todo apressado e acabou esquecendo de apertar a abraçadeira. Puta que o pariu...
 
Aí então eu peguei uma chave de fenda no carro e apertei a abraçadeira. Tinha esperança que só precisaria colocar água e voltaria pra estrada. Restava saber onde eu iria achar a água.
 
O lugar em que eu parei era meio sinistro. Ficava no inicio de uma estrada de chão e do outro lado da BR tinha uma vila. Tinha um posto de gasolina relativamente perto porém do outro lado da rodovia. O dia começava a escurecer e eu parado, com Léa, no meio do nada.
 
As vezes passava uma pessoa ou outra por nós. Todos, lógico, mal encarados e com comportamentos estranhos como num bom filme de suspense.
 
A certa altura um cara aparece do meio do mato do canteiro central da BR e fica olhando pra mim e Léa. Eu estava com ela, de mãos dadas, para atravessar a estrada e ir buscar água no posto. Teria que deixar o carro lá sozinho mas enfim. O cara continuava lá parado no meio do mato. Eu achei que ele queria atravessar para seguir o caminho dele e estava esperando só os carros pararem. Teve uma hora que os carros pararam de passar e o cara ficou lá parado olhando pra gente. E eu de cá parado olhando pra ele. Depois de alguns instantes, eu fingindo que desconhecia que o cara estava ali na minha frente olhando pra gente, os carros pararam de passar mais uma vez. E o cara ficou lá parado e eu de cá parado. Eu não sabia o que fazer. Se ficava e esperava, se saia dali, se atravessava. Depois de mais alguns instantes para de novo o fluxo de carros. Eu fui pra cima do cara pra atravessar a estrada. Já cheguei falando com o cara como se nada estivesse acontecendo: "Opa. Tudo bom? Você sabe se tem algum mecânico ali no posto?". O cara me respondeu que tinha um senhor chamado Júlio mas que ele só mexia com caminhão e a oficina já estava fechada.
 
Acabei voltando pro lado onde o carro estava pra vigiar o carro. Achei que o cara estava só esperando eu sair dali pra tentar alguma coisa. Eu estava a uns 50 metros do carro e passa um outro mal-encarado pela gente de bicicleta. Quando ele passou pelo Uno ele praticamente parou a bicicleta e ficou olhando descaradamente pra dentro do carro procurando alguma coisa pra roubar, provavelmente.
 
Quando eu olho pra estradinha de terra que estava atrás vem um negão com o olho todo vermelho. Ele tava todo arrumado com aquela roupa-de-fim-de-semana-do-peão, sabe? Aquela única roupa que sai do guarda roupa todo domingo? Então... Quando ele chegou mais perto eu abordei ele perguntando onde eu poderia pegar água. Ele me disse que lá onde ele fica tinha água e apontou pra um galpão no meio do mato seguindo pela estradinha. Eu, de impulso, falei ok pra pegar água lá mas logo mudei de idéia. Entrar em direção ao mato com Léa do lado não fazia muito sentido. Quando eu olho pra trás estava atravessando a pista um frentista do posto. Deixei o cara lá e fui falar com o frentista. Perguntei a ele sobre o tal do Júlio e ele disse que a oficina ainda estava aberta. Ele me mostrou mais ou menos a direção e eu resolvi ir atrás de Júlio.
 
Cheguei no lugar e conversei com o tal Júlio. Um senhor de uns 50/60 anos. Expliquei a ele toda a situação e perguntei se ele não podia acompanhar a gente pra vê se tinha alguma coisa que ele pudesse fazer. Ele disse que só sabia mexer com caminhão.
 
- Mas será que se o senhor der uma olhada lá não vai poder ajudar a gente não?
- Eu não sei nada de carro pequeno.
- É que as vezes é uma coisa simples Seu Júlio. Pode ser que o senhor ajude.
- E o carro está onde?
- Do outro lado da pista.
- Você deixou o carro sozinho?
- Tive que deixar.
 
A cara de Júlio mudou...
 
- Então eu vou lá. Vamo logo senão não acha mais nada do carro.
 
Pronto. Eu que já estava nervoso fiquei apavorado. Eu tinha noção que a área não era muito boa mas não tinha a certeza ainda. E Júlio continuou:
 
- Essa área aqui é pobrema meu fio. Nego deixa o carro e quando volta não tem nem os parafuso. Teve uma vez que me pegaram aqui na oficina. Sete homi tudo armado de metralhadora me pegaram de refém pra assaltar o posto.
 
Essa hora foi foda... Comecei a pensar um monte de merda... Nem esperei Júlio. Enquanto ele fechava a porta da oficina dele eu fui na frente, na direção do posto, pra pegar a água e ir pro carro. Nesse momento já estava tudo escuro. Não tinha lua nem nada. Era escuridão mesmo.
 
Júlio trouxe meia dúzia de chaves de fenda e conseguiu uma lanterna pra gente chegar no lugar do carro. E Júlio continuava:
 
- Na hora que chegar tem que olhar nos mato. Eles fica tudo entocado nos mato esperando só o cidadão chegar pra pegar o que quer.
 
Nessa hora a minha carteira já estava dentro da cueca e o coração saindo pela boca. No meio do mato do canteiro central, na hora de atravessar a pista, eu peguei uma estaca grande de madeira no chão. Nunca se sabe né? E lá fui eu com o pau na mão (ui).
 
Seu Júlio chegou apontando a lanterna pro mato pra ver se via alguém e eu, com o pau na mão, fui pelo outro lado pra ver se tinha alguém mesmo.
 
Ninguém por perto fui colocar a água no radiador. Eu ainda tinha a esperança de que o carro fosse funcionar e eu iria pra casa. Mas nada aconteceu. O carro não pegava de jeito nenhum. Dava na chave, fazia que ia pegar mas não pegava. Era um pesadelo aquilo tudo. De noite, com Léa, no meio da estrada com o carro quebrado.
 
Os contatos por celular com meu pai eram constantes, claro. A gente tentava arrumar alguma solução. Falei pra ele que não ia ter jeito. Ele me disse que arrumou um guincho e que ele já estava a caminho. Disse que estava pegando um carro em Saubara (pertinho de Cabuçu) e que já estava vindo.
 
A ideia agora era tentar levar esse carro para o posto pra esperar o guincho. Mas como?
 
Júlio parecia com medo. Sempre falando das coisas que aconteciam ali e que a gente tinha que levar o carro pro posto. De vez em quando passava um ou outro pelo acostamento andando e a gente ficava em alerta.
 
Tentei fazer o carro pegar no tombo já que a gente estava numa descida mas nada funcionava. Júlio resolveu então buscar ajuda no posto. Alguém que pudesse ajudar a gente a empurrar o carro, atravessar a pista e voltar com o carro pro posto.
 
Essa hora foi difícil. Ficamos eu e Léa sós ali naquela escuridão. Pedi pra Léa ficar atenta a aproximação de qualquer pessoa. E lá foi Léa ficar com a lanterna apontando pro mato. E eu atento olhando pra tudo quanto é canto. Com o pau na mão, lógico!
 
Depois de alguns minutos, que pareceram horas, chega Júlio com mais um cara apenas. Um tal de "Marreco" que era motorista do posto. A gente queria descer com o carro pra um lugar onde tinha uma passagem no meio do mato pro outro lado. Mas era muita loucura! Devia ser 19/20 horas, nem lembro. Horário de pico na estrada com o pessoal voltando do interior pra Salvador. Não tinha nem espaço pra passar um carro funcionando normal imagine um carro sendo empurrado por 3 pessoas? Não tinha condições.
 
Outra coisa era a passagem no meio do mato. Passagem é elogio. Aquilo era um um buraco entre uma pista e outra. Tinha certeza que se o carro conseguisse chegar até ali seria muito mais difícil tirar ele daquele buraco e levar o carro pro outro lado da pista, no outro acostamento.
 
Como não tinha o que fazer ali Marreco foi embora. Disse que ia perguntar a num-sei-quem do posto se ele podia rebocar a gente com o caminhão-tanque e deixar a gente no posto.
 
Toda hora Júlio falava de uma tal de Neguinho que morava na vila do outro lado da pista que tinha uma Fiorino que podia ajudar a gente. E nada desse Neguinho aparecer.
 
Lá pelas tantas me aparece aquele negão que chegou com a roupa de fim de semana e me ofereceu água pro carro. Ele veio em direção da gente e tentou falar mas tava bebo bebo... Eu vi que Júlio ficou desconfiado do cara. E ele lá dizendo que se quisesse ajuda e tal ele tava ali pra ajudar. E depois ficou por lá falando nada com nada. Que nem aquele cara que caiu de uma espaçonave em Paracatú e saiu batendo e batendo.
 
Léa nessa hora estava dentro do carro e eu estava com Júlio um pouco mais a frente "conversando" com esse cara mas querendo que ele fosse mesmo era embora dali.
 
Eu ficava olhando o cara pra ver se ele ia tentar fazer alguma coisa. Fiquei olhando pra cintura dele pra ver se tinha alguma arma escondida ou algo do tipo. Ele tinha uma pochete e eu ficava tentando ver se tinha alguma coisa dentro daquela pochete.
 
Depois de um tempinho fui falar com Léa e ela estava acuada no carro com uma chave de fenda na mão. Smile Achei graça e fiquei com pena ao mesmo tempo. Acabei que eu peguei a chave de fenda da mão dela e coloquei no bolso. Ela pegou uma outra e ficou na mão novamente.
 
Daqui a pouco o cara volta pra vila do outro lado da estrada. Se ele volta pra casa dele eu ficava tranquilo mas ele voltou pra vila. Júlio começou a falar que conhecia todo mundo da área mas não conhecia esse cara. Fiquei com medo desse cara voltar com alguém de lá.
 
Resolvi mais uma vez tentar ligar o carro pra levar ele pro posto de gasolina. Depois de quase arrear a bateria e a muito custo o carro pegou. O motor estava todo estranho mas pegou. Olhei pra trás e saia muita fumaça da descarga. Vi logo que o carro não ia ficar ligado muito tempo. Nesse exato momento aparece de novo o cara que tinha ido pra vila. Dessa vez com mais outros três.
 
Eu pensei: É agora! Vai ser agora. Os caras vão querer levar tudo da gente e não sei mais o que pode acontecer.
 
Falei pra Júlio entrar no carro mas ele não quis. Comecei a dar ré com o carro com medo sem saber exatamente o que eu iria fazer. Os caras atravessaram a pista e foram pra junto de Júlio. Léa queria que eu fosse acudir Júlio que estava no meio de quatro caras mas eu disse que eles não iam querer fazer nada com Júlio. O que Júlio teria a oferecer?
 
Nessa momento pararam de passar os carros na pista e eu decidi atravessar para o outro lado pelo meio daquele buraco. Eu não parava de acelerar o carro senão ele morria. Rotação lá em cima. O motor estava embolando demais. Quando eu fui atravessar chegou mais um cara numa bicicleta. Tive quase que parar o carro no meio da pista mas consegui chegar no meio do caminho. Como tive que frear o carro morreu. Pensei: "Fudeu! Não vai pegar mais". Bati na chave e o carro pegou de novo. Do outro lado da pista os carros também pararam por um instante e eu atravessei. Comecei a andar pelo acostamento e consegui chegar no posto. O carro soltava tanta fumaça que parecia um trem!
 
Quando parei o carro num lugar mais seguro fiquei mais tranquilo. Não imaginava que os caras viessem tentar algo na área do posto. Esperamos um pouco e Julio veio chegando com o cara bêbado. Quando eles chegaram o cara deu uma de desentendido perguntando se o posto estava aberto ou algo do tipo. Acabou que ele foi embora. Ficamos mais tranquilos.
 
Olhei o óleo do motor e ví que a água tinha passado pro óleo. Problema! Agradecemos uma meia centena de vezes a Julio e dei um dinheirinho pra ele mesmo a contra-gosto dele.
 
Enquanto o guincho não chega a gente ficou dentro do carro no posto. O posto estava todo apagado. Num canto escuro o vigia do posto. De vez em quando aparecia um carro ou outro tentando abastecer e Léa ficava meio cabreira. Mas nada demais. Lá pelas 21:30, muito tempo depois, chega o guincho. Pronto. Estamos salvos. Será? Quem dera...
 
O guincho já vinha com uma D20 na parte de cima e o Uno iria na "Asa Delta": aquela parte detrás que levanta somente as duas rodas da frente. Na boléia já estavam o dono da D20 e a mãe dele. Então a gente teria que ir no Uno mesmo. Como o Uno estava meio torto porque estava suspenso a gente preferiu ir na D20, na parte de cima. O cara disse que tudo bem então começamos a viagem de volta.
 
Durante a viagem, passado o susto, a gente veio conversando se dava pra trocar o carro. Tudo na vida é questão de prioridade, fato. Então ficou acertado que a gente ia deixar de lado a alimentação e o aluguel pra trocar de carro. Smile
 
A gente já tinha mais de meia hora de viagem. De repente a gente começa a ouvir umas vozes de crianças atrás da gente conversando baixinho. Parecia aqueles filmes de terror japonês, saca? O Chamado? O Grito? Puta susto do caralho!!! Que porra era aquela? Uma D20 mal-assombrada?! Eu e Léa quase morremos do coração... mais uma vez! Na verdade vinham no banco de trás, deitadas, três crianças que estavam dormindo o tempo todo! E ninguém avisou a gente!!! Puta que os pariu!!!
 
Até aí nada demais. A ventura continua agora... Quando a gente estava a uns 10 quilômetros de Feira... BUUUM! Um estouro enorme aconteceu. Pensei: O UNO! A porra do Uno deve ter se soltado e saiu da pista. Acabou o carro todo!
 
Mas eu senti que o guincho pendeu pro lado direito. Pensei então que fosse o pneu. O motorista começou a jogar o guincho pro acostamento e eu, no desespero, abri a porta da D20 com o guincho ainda em movimento pra ver se o Uno ainda estava lá atrás. E tentava olhar o Uno e não conseguia. Como estava escuro eu vi as luzes do pisca alerta e fiquei mais tranquilo. Era só o pneu então. "O" não... "Os"! Quando a gente desceu do carro foi que eu vi os dois pneus estourados. Brincadeira isso... Que mandinga miserável...
 
O motorista começou a trocar o pneu mas pra melhorar essa história só tinha um estepe! Ótimo! Como trocar pneu de caminhão não é trocar pneu de carro a gente só voltou pra pista uma meia hora depois e com um pneu a menos. O motorista estava com medo de voltar com um pneu só do lado direito e por isso ele voltou a 10km/h. Literalmente. Era inacreditável! Os 10 quilômetros restantes demoraram exatamente 1 hora!!! Puta que pariu.

Aqui uma quase foto do cara trocando o pneu do guincho com a ajuda da luz do celular...

  

 E aqui a gente parado no acostamento...


 
Quando a gente tava chegando o motorista perguntou se não tinha problema deixar a gente em algum lugar enquanto levava a D20 pra ele poder andar mais rápido. Eu disse que não tinha problema. Achei que a gente iria ficar em algum posto 24h ou algo do tipo. Já deveria ser umas 23h.
 
Quando chegou na Avenida João Durval o infeliz parou o guincho. A avenida é movimentada, tem bastante carro passando de um lado pra outro mas eu chiei:
 
- Não meu amigo. Leve a gente pra outro lugar.
- Aqui é tranquilo... Eu vou e volto rápido.
 
Eu relutei um pouco mas olhei pra avenida e estava bem movimentada ainda. Perguntei a Léa e ela disse que tudo bem. Já que não ia demorar muito... Eu resolvi então ficar por ali mesmo... Pra quê meu amigo... Foi o cara largar a gente e sumir na avenida que parou de passar carro. Aquilo virou um deserto!!! Só eu e Léa. Puta merda. Que estúpido eu fui... Parado, DE NOVO, no meio da rua.
 
Ficamos eu e Léa... Parados... Esperando... Daqui a pouco passa um cara mal encarado pela gente. Nada demais... Mais tarde passa outro mal vestido olhando a gente... Nada demais... Uma hora para um carro na nossa frente... Puta merda... E a gente dentro do carro, esperando... O carro segue o caminho dele. Nada demais...
 
Mas aí acontece o que a gente mais tinha medo... De repente Léa olha pra trás do carro e grita nervosa: Ai Meu Deus! Eu senti que ela estava tensa mesmo. Fechei minha janela rápido e falei pra ela: Me dá o celular!
 
Ela catou o celular apressada na bolsa e me deu. Eu nem olhei o que estava vindo em nossa direção que assustou tanto ela mas eu sabia que coisa boa não era. Pensei que deveria ligar pra meu pai e dizer que a gente estava sendo assaltado no lugar tal. E esperar pra ver o que aconteceria...
 
Peguei o celular, destravei, selecionei o nome de meu pai e antes de apertar o botão verde passam 3 caras de bicicleta colados na minha janela. O cara mais próximo chegou rápido e soltou a bicicleta no chão ainda em movimento exatamente em frente ao carro, como se quisesse pegar a gente de surpresa. Ele larga a bicicleta no chão e começa a andar pra frente, na direção contrária onde estávamos, e coloca a mão direita na altura da cintura como se fosse pegar uma arma na parte da frente.
 
Pela segunda vez no dia eu pensei: É AGORA! O cara vai virar com um 38 na mão e sabe Deus o que vai acontecer... Entreguei a Deus naquele momento.
 
O cara continuou andando pra frente com a mão na altura da cintura e eu só esperava a hora que ele ia virar... Mas aí ele continuou andando pra frente e pra frente... E começou a se aproximar do muro. E O FILHO DA PUTA COMEÇOU A MIJAR NO MURO!!! PUTA QUE PARIU!!! Precisava de toda aquela palhaçada pro cara mijar? Que filho da puta! Vai matar sua mãe de susto seu miserável. Depois disso ele levantou a bicicleta e seguiu com os amigos que ficaram esperando ele acabar o serviço. É mole? 
 
Depois de limpar o banco do carro que ficou sujo de merda o cara do guincho apareceu de novo... E lá vem o processo... Coloca o carro em cima do guincho novamente, amarra tudo, a gente entra na boleia do caminhão e seguimos caminho. Chegamos no posto meia noite onde meu pai me esperava desde umas 21 horas. Deixamos o carro lá mesmo pro mecânico dar uma olhada na manhã seguinte e seguimos pra casa. Chegamos em casa meia noite e meia e fomos dormir uma da manhã pra acordar no outro dia cedo pra ainda pegar o trampo em Salvador...
 
Agora acabou, você deve estar pensando... Engana-se! É a aventura que não tem fim...
 
Depois de quase não dormir a noite acordamos bem cedinho pra viajar. Eu iria no carro de minha mãe enquanto o meu ia ser consertado. Na noite anterior minha mãe tinha falado que o carro dela estava "falhando um pouquinho". Mas eu nem dei muita bola pelo jeito que ela falou... Deve ser um probleminha de nada, pensei. Já viu onde isso vai dar né?
 
Pois bem. Fomos eu, Léa e Camila pra Salvador. Parei num posto de estrada pra olhar a calibragem dos pneus. Depois de calibrar os pneus bati na chave pra ligar o carro. Quem disse que o carro ligou? A bateria não dava nem na chave... Puta merda... Lá fui eu pedir pros frentistas me ajudarem a colocar o carro pra pegar no tombo.
 
Continuamos a viagem já com o sinal de alerta ligado de quem estava com a adrenalina no sangue por umas 18 horas seguidas! Lá pelas tantas o carro faz um barulho estranhíssimo no motor. A mesma história novamente... Numa breve consulta às meninas resolvi parar o carro pra ver se estava tudo ok. Eu estava com medo que fosse a correia dentada (ou dentária como os mecânicos falam. Hehehe!). No fim não era vi nada e resolvemos seguir viagem mesmo assim. Ou vai ou racha... Liguei o carro e... quem disse? Nada de bateria. E agora pro carro pegar no tombo sem os frentistas? Ensinei mais ou menos a Léa como era o precesso e lá fomos Camila, de tamancos, e eu pra empurrar o carro... Empurramos umas 3 vezes e nada do carro pegar. Eu já estava exausto de levar o carro de um lado pro outro num pequeno trecho de encostamento útil à beira da BR-324.
 
Nesse momento me para um caminhoneiro bom samaritano pra ajudar. Falei que só precisava empurrar. Ele já chegou empolgado querendo rebocar a gente mas não precisava. Eu peguei o volante e ele deu uma empurrada. Felizmente pegou de primeira, eu agradeci ele e fui embora...
 
Quando cheguei em Salvador foi que eu lembrei da frase de minha mâe: "o carro está falhando um pouquinho". O problema não seria grande coisa. O que estava acontecendo é que em baixa rotação o carro morria. Nada demais. Liga ele de novo e pronto. O problema é que a bateria tinha ido pro saco! E agora? Cada sinal de trânsito era um pesadelo. Eu ia freando o carro na reduzida, freio de mão e sempre deixando a rotação alta. Haaaaja coração amigo.
 
Depois de deixar uns e outros em seus devidos lugares fui comprar outra bateria. O cara viu que o problema não era a bateria e eu deixei pra resolver isso depois. Cheguei no trabalho 11 horas da manhã. Pelo menos deixei o carro na ladeira caso acontecesse alguma coisa...
 
Só pra terminar com chave de ouro a aventura, no outro dia, quando eu ia pro trabalho eu chego na garagem e o carro com o pneu vazio. Puta merda! Trocar pneu 7 da manhã é foda! Abri a mala do carro e peguei o pneu socorro. Quando coloco o pneu no chão... o pneu socorro também estava furado. INACREDITÁVEL!!!
 
Depois disso eu segui o conselho de meu pai. Tomei um banho de sal grosso, tomei um passe, comunguei na missa e tomei um banho de pipoca no terreiro. SAI PRA LÁ!!!

E o Uno? O Uno se transformou num Corsa e 2 anos de dívida...

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